Weinstein, mais acusações
Denúncias de abuso e assédio contra atrizes se acumulam
O nome de Harvey Weinstein invadiu os noticiários da área de cultura e entretenimento nos últimos dias depois de sérias acusações de abuso e assédio sexual. O produtor de 65 anos foi denunciado por atrizes, modelos e profissionais do cinema de estupro, ameaças físicas e verbais e comportamento abusivo. Ele foi demitido da The Weinstein Company, produtora que formou com o irmão Bob, em 2005, uma das mais destacadas de Hollywood.
Na quarta, 11, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que organiza o Oscar, marcou para sábado, 14, reunião para discutir as alegações contra Weinstein e quaisquer ações a serem tomadas pela instituição. “A Academia considera repugnante, abominável e antiética a conduta descrita nas alegações contra Harvey Weinstein”, divulgou a entidade em comunicado.
Ainda na quarta, a Academia Britânica das Artes Cinematográficas e da Televisão (Bafta, sigla em inglês) suspendeu o produtor de seus quadros “de forma imediata”. “O suposto comportamento do senhor Weinstein é totalmente inaceitável e incompatível com os valores da academia”, anunciou a organização.
Depois dessas acusações, a mulher de Weinstein, Georgina Chapman, pediu o divórcio. “Meu coração está partido por todas as mulheres que sofreram uma dor tremenda por essas ações imperdoáveis”, disse à revista People. A estilista da grife Marchesa tem 41 anos e Weinstein, 65, eles se casaram em 2007 e têm dois filhos, de 7 e 4 anos.
O furacão começou na quinta, 5, quando o New York Times publicou reportagem segundo a qual Weinstein havia entrado em oito acordos prévios não divulgados com mulheres que o acusaram de assédio sexuale contatos físicos indesejados.
Uma das entrevistadas pelo jornal foi a atriz de Risco Duplo Ashley Judd. Ela revelou uma ocasião em que Weinstein fez avanços sexuais numa reunião de trabalho. Outras mulheres relataram situações parecidas.
Na terça, 10, a New Yorker publicou outra reportagem, resultado de 10 meses de investiga- ção, em que pelo menos outras 13 mulheres relataram estupros, ameaças e abusos por parte do produtor. No mesmo dia, duas das maiores estrelas de Hollywood, Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie, se somaram a outras profissionais que tam- bém falaram de casos semelhantes. Paltrow contou ao New York Times que, antes de gravar o filme Emma (1996), quando tinha 22 anos e começava a carreira, Weinstein a chamou ao hotel e sugeriu que fosse ao seu quarto para fazer mas- sagem, mas ela recusou. De acordo com a atriz, Weinstein a ameaçou para que não contasse o ocorrido. “Pensava que ele ia me demitir”, confessou.
Angelina Jolie lembrou que no fim da década de 1990, durante o lançamento de Corações Apaixo- nados, também rejeitou investidas do produtor em um hotel. “Tive uma experiência ruim com Harvey Weinstein na minha juventude e, como resultado, escolhi nunca mais trabalhar com ele e advertir outras pessoas quando o faziam.”
Quem é. Nascido em 1952, em Nova York, ele começou a carreira produzindo shows de rock nos anos 1970. Em 1979, fundou, com o irmão Bob Weinstein, a Miramax, que até 1993 se destacou como produtora e distribuidora de filmes independentes. Em 1993, a Disney adquiriu a companhia, mantendo os irmãos à frente da operação e, no ano seguinte, a empresa lançou Pulp Fiction, o que marcaria o início da expansão para se tornar uma das mais importantes produtoras de Hollywood. Entre muitos outros, a Miramax produziu Um Drink no Inferno (1996), Gênio Indomável (1997), Shakespeare Apaixonado (1998), Gangues de Nova York (2002) e Fahre- nheit 11 de Setembro (2004).
Em 2005, os irmãos deixaram a empresa e fundaram a produtora The Weinstein Company, que lançou sucessos de bilheteria e muitos filmes premiados nos últimos 12 anos, como Bastardos Inglórios (2009), O Discurso do Rei (2010), O Lado Bom da Vida (2012) e Django Livre (2012). Seus métodos de trabalho são conhecidos como duros, agressivos e muitas vezes rudes. Histórias de agressões verbais e físicas contra homens e mulheres são conhecidas no show biz há décadas.
Em 2004, ele recebeu a Ordem do Império Britânico honorária. Também é conhecido por seu engajamento em questões sociais como combate à pobreza, prevenção à aids, bem como a luta pela regulamentação das armas e do sistema de saúde nos EUA. Weinstein contribuiu com campanhas de candidatos do Partido Democrata norte-americano.