SACA ESSA ROLHA
Sete boas novidades, que já estão no mercado. São tintos, brancos e espumantes que valem a prova.
Em música, o termo overture diz respeito à abertura de uma peça sinfônica ou ópera maior que, com o passar dos anos, acabou tomando vida própria. Overture é também o nome do irmão caçula do Opus One, o vinho mais valorizado produzido na Califórnia. Seria uma abertura para a grande estrela, nascida da parceria entre o Barão Philippe de Rothschild, de Bordeaux, e o produtor de Napa Valley, Robert Mondavi. Acontece que ele também ganhou vida própria e virou obsessão do wine hunter Vicente Jorge, da Wine.com.br, que o perseguiu durante os cinco anos em que duraram as negociações para trazê-lo ao País. Há cerca de um mês, Jorge finalmente alcançou seus objetivos e recebeu o lote de 900 garrafas do vinho que hoje é vendido a R$ 999 no site (contra até R$ 4,5 mil do irmão mais velho Opus One).
Como o primogênito, o Overture é um corte clássico bordalês, de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e Malbec. Passa 18 meses em barrica francesa e descansa outros 18 em garrafa antes de ir ao mercado. É feito com as uvas da segunda divisão, aquelas que não são excelentes para entrar no Opus One e, por isso, nem todo ano é produzido. Podem entrar nele também vinhos re- serva de outras safras, portanto pode-se dizer que é um corte de castas e de anos. Isso explica a opção de não safrar o vinho, o que torna a guarda um enigma. Vicente garante que fica excelente com cinco anos de idade, mas como comprovar seu nascimento?
Provei o vinho do lote que chegou agora ao portfolio da Wine.com.br. Já estava incrível, com muita fruta negra madura, ecos de especiarias, de tabaco, uma descoberta a cada nova aspirada. Na boca, mais que elegância, usaria o termo donaire. Mil reais parece uma loucura para um “segundo vinho”. A única justificativa plausível seria a vida própria desta abertura.