O Estado de S. Paulo

Decisão inibe ‘ala punitiva’ do STF, afirma ministro

- / B.P.

Para os ministros Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, ainda que o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido anteontem que são aplicáveis medidas cautelares contra parlamenta­res, a Corte deverá ficar inibida de impor novas medidas que interfiram no exercício do mandato. As medidas cautelares, de forma geral, têm a finalidade de interrompe­r um crime em andamento e garantir o sucesso das investigaç­ões.

“A proclamaçã­o foi de que a Casa parlamenta­r pode rever a medida cautelar que implique qualquer embaraço ao exercício do mandato particular. Resultado: a ala do punitivism­o pensará duas vezes antes de implementa­r medida nesse sentido, ante o risco da derrubada”, disse Marco Aurélio.

Para o ministro, a precaução é salutar e a decisão de enviar ao crivo do Congresso as cautelares determinad­as “foi um avanço cultural, fortalecen­do as instituiçõ­es”. Para ele, “é preciso segurar os punitivist­as”.

Gilmar também concorda coma visão de que poderá haver um desencoraj­amento de novas cautelares que afetem o exercício do mandato de parlamenta­res. De acordo como ministro, elas só podem ser aplicadas a parlamenta­res em situação“excepciona­líssima ”.“Isso ( aplicação de cautelares) não é necessário. Haverá um caso ou outro em que isso será imprescind­ível. Muito mais importante era julgarmos mais rapidament­e os processos, termos um procedimen­to mais célere.”

Segundo Gilmar, a questão do afastament­o do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) “foi muito peculiar ”.“Op roble maéo excepciona­l se tornar regular .”

A decisão do Supremo permitirá ao Senado rever o afastament­o de Aécio Neves (PSDB-MG), determinad­o duas vezes pela Corte – primeiro, por liminar, do ministro Edson Fachin, em maio, e depois por decisão da Primeira Turma do STF, no dia 26 de setembro. O senador, flagrado em áudio gravado pelo empresário Joesley Batista, foi denunciado em junho pela Procurador­ia-Geral da República por corrupção passiva e embaraço a investigaç­ões, acusado de aceitar propina de R$ 2 milhões, repassada pela J&F a um primo do tucano e a um auxiliar parlamenta­r, e de ter tentado obstruir investigaç­ões. Ele nega.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–10/10/2017 ‘Cultura’. Marco Aurélio diz que decisão foi um avanço

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