O Estado de S. Paulo

Palestinos selam pacto que põe sob comando único Gaza e Cisjordâni­a

Hamas e Fatah acertam termos do acordo de reaproxima­ção; Israel rechaça ato e diz que ele ‘complica’ a paz

- CAIRO

Os dois grupos palestinos rivais, o Hamas, que controla da Faixa de Gaza, e a Fatah, responsáve­l pela Cisjordâni­a, chegaram a um consenso sobre os termos de um acordo, mediado pelo Egito, que sela sua reconcilia­ção após uma década de conflitos internos. Logo em seguida, Israel ressaltou que não discutiria com um governo palestino que não o reconheces­se como Estado e sem que o Hamas en- tregasse as armas. Uma reconcilia­ção da Fatah com o Hamas “só complica” a tentativa de paz com Israel, disse o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Pelos termos do acordo, a Autoridade Palestina (AP) assumirá o controle total da Faixa de Gaza antes de 1.º de dezembro. Os grupos têm até essa data para resolver suas diferenças. Uma nova reunião está prevista para o dia 21 de novembro, para discutir a formação de um governo de unidade.

O Hamas e a Fatah, liderada pelo presidente da AP, Mahmoud Abbas, prometem “ajudar o governo de unidade (...) a exercer suas responsabi­lidades completas na gestão da Faixa de Gaza, como é o caso na Cisjordâni­a”, indica o comunicado emitido pelo Cairo. Pelo menos 3 mil policiais da AP passariam a trabalhr em Gaza. O líder da Fatah em Gaza, Zakaria al-Agha, anunciou que Abbas viajará ao território “em menos de um mês”. Essa seria a primeira visita do presidente a Gaza desde 2007, quando o Hamas assumiu o poder no enclave depois de expulsar a AP, após violentos confrontos com a Fatah.

A AP, uma entidade reconhecid­a internacio­nalmente, é dominada pelo grupo moderado Fatah e exerce um poder limita- do na Cisjordâni­a, ocupada por Israel e localizada a dezenas de quilômetro­s de distância de Gaza. Em outro sinal de aproximaçã­o, Abbas retirará “muito em breve” as sanções financeira­s adotadas este ano para forçar o Hamas a negociar, segundo Agha. Diante do risco de uma explosão social, de um menor apoio do Catar e da pressão do vizinho Egito, o Hamas aceitou, em setembro, o retorno da AP e seu governo a Gaza, onde na semana passada aconteceu o primeiro conselho de ministros desde 2014.

O movimento islâmico e seu rival laico e moderado iniciaram na terça-feira conversas discretas na capital egípcia. Elas centraram-se nos aspectos práticos da aproximaçã­o. O Hamas espera o fim das sanções financeira­s impostas por Abbas, como a suspensão do pagamento da energia elétrica fornecida por Israel, e assegurou que não negociará a entrega de suas armas.

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SAID KHATIB/AFP Esperança. Palestinos em Rafah assistem ao anúncio de reconcilia­ção de grupos rivais; conflito entre eles já dura dez anos

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