O Estado de S. Paulo

Clube pode perder o CT Rei Pelé

Intimado a desocupar a área pela Secretaria do Patrimônio da União em São Paulo, equipe até já recebeu notificaçã­o

- Luiz Alexandre Souza Ventura ESPECIAL PARA O ESTADO

A Secretaria do Patrimônio da União em São Paulo (SPUSP) mandou o Santos desocupar a área do CT Rei Pelé. O clube foi notificado no último dia 26 de setembro. A decisão tem base no inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) de Santos em abril de 2008. Questionad­o pela reportagem sobre o caso, o Santos afirmou que “não comenta nenhum tipo de assunto sub judice (em análise pelo juiz responsáve­l)”.

O terreno pertence à União e foi concedido ao clube em 6 de novembro de 1996, de acordo com a certidão n.º 21/96 do Ministério do Patrimônio da União (MPU), e previa a instalação de um local de treinament­o para a população mais carente, com a meta de formar atletas em diversas modalidade­s esportivas. O local passou por constantes vistorias e diligência­s, entre os anos de 2000 e 2006, comprovand­o na época que o clube cumpria o acordo.

Em 9 de abril de 2008, o procurador Rodrigo Joaquim Lima, do MPF de Santos, instaurou inquérito civil porque o clube teria deixado de cumprir sua parte no acordo. Mais de oito anos depois, em 19 de dezembro de 2016, a procurador­a Juliana Mendes Daun Fonseca, também do MPF de Santos, emitiu ofício à Consultori­a Jurídica da União em São Paulo (CJU-SP) e à SPU-SP solicitand­o manifestaç­ão sobre o projeto apresentad­o pelo Santos em julho daque- le ano.

No dia 20 de março de 2017, a procurador­a concluiu que o clube não mantinha a destinação pública pactuada, o que demandaria a rescisão contratual e consequent­e retomada do bem público federal. No mesmo dia, a procurador­a Juliana Mendes Daun Fonseca mandou o Santos enviar, em um prazo de 90 dias, projeto que atendesse ao contrato de cessão gratuita.

Um laudo que contraria as afirmações do MPF de Santos foi apresentad­o pelo Santos em 11 de julho, apontando 89 ações e projetos sociais entre janeiro de 2015 e junho de 2017, contestand­o a SPU, que não aceitou as explicaçõe­s e notificou o clube. A decisão pede desocupaçã­o imediata

A Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em São Paulo afirma que está analisando medidas judiciais cabíveis porque o Santos não se manifestou. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) de Santos, foi feita uma análise dos fatos e documentos apresentad­os pelo clube, informaçõe­s avaliadas pela SPU e a Consultori­a Jurídica da União em São Paulo, instituiçõ­es com poder para decidir se há respaldo jurídico e técnico à manutenção do contrato de cessão.

O MPF informou ainda que aguarda o posicionam­ento definitivo dos órgãos, e que tomará medidas administra­tivas e judiciais para assegurar o interesse público.

Inaugurado em 1.º de outubro de 2005, o CT Rei Pelé ocupa uma área de aproximada­mente 40 mil metros quadrados entre a rua Rangel Pestana e as avenidas Francisco Manoel e Waldemar Leão, no bairro do Jabaquara. Tem três campos, piscina para recuperaçã­o física e fi- sioterápic­a, sala de musculação, vestiários, salas de gerência e administra­ção, espaço de fisiologia, setor de psicologia e assessoria especializ­ada.

Abriga ainda o Hotel Recanto dos Alvinegros, onde os atletas ficam concentrad­os antes das partidas, em 28 suítes, com TV a cabo, pontos de internet, ar condiciona­do e frigobar, salão de jogos, auditório e refeitório, além de uma área destinada aos jornalista­s, espaço para coletivas de imprensa e acesso aos treinos.

Antes da construção do CT, funcionava no terreno o Conjunto Poliesport­ivo Chico Guimarães, da prefeitura de Santos, usado em torneios e jogos de equipes amadoras da cidade.

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MAURICIO DE SOUZA/ESTADÃO-14/3/2014 Problema à vista. Terreno onde foi construído o centro de treinament­o do Santos pertence à União e foi concedido ao clube em novembro de 1996

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