Empresa vai ao STF contra ex-procuradora da Venezuela
Após divulgação de vídeos de delações por Luisa Ortega, empreiteira pede que ela seja impedida de revelar dados sob sigilo
A Odebrecht formalizou ontem uma reclamação no Supremo Tribunal Federal contra a exprocuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz. A empreiteira pede que ela seja impedida de divulgar informações sigilosas da delação da empresa e devolva o material que ainda possui e está protegido por segredo de Justiça.
A empreiteira já tinha recorrido ao STF para pedir “medidas cabíveis” para apurar o vazamento de informações sobre o conteúdo da delação firmada em 2016. A empresa alega que os vazamentos atrapalham as investigações e colocam em risco a integridade dos executivos que aceitaram colaborar. “Oobjetivo dessas medidas é preservar a autoridade de uma decisão do STF que, acima de tudo, objetivou resguardar a soberania de outros países em relação aos seus problemas”, afirmou o advogado Rodrigo Mudrovitsch, que representa a empresa no STF. A empresa não deixou claro como espera que o tribunal impeça Ortega de publicar novos vídeos. Ela vive na Colômbia, exilada com seu marido.
Ortega divulgou neste mês, no Twitter, vídeos da delação do executivo Euzenando Azevedo. Em depoimento à PGR, ele fala sobre um pagamento de US$ 35 milhões para a campa- nha de Nicolás Maduro. Em entrevista ao Estado, em Genebra, ela afirmou que publicaria uma série de dados sobre a corrupção no governo Maduro em resposta à tentativa do regime de deter seu marido.
A Odebrecht e a PGR acertaram que o conteúdo internacional da delação ficaria sob sigilo por seis meses após a assinatura do acordo para preservar a identidade dos executivos e garantir a eficácia das investigações. O prazo foi ampliado pelo ministro Edson Fachin, a pedido da PGR. A defesa da Odebrecht diz que é preciso adotar medidas “mais duras” contra os responsáveis, que já teriam sido identificados. Procurada pelo
Estado ontem, Ortega não respondeu a questões sobre a tentativa de silenciá-la.