Ativista desaparecido paralisa Argentina
Candidatos a eleição legislativa suspendem atos após polícia achar corpo que seria de Santiago Maldonado
Os principais partidos políticos argentinos suspenderam ontem a campanha eleitoral para as eleições legislativas de domingo depois de um corpo, que pode ser de um ativista desaparecido, ter sido encontrado em um rio na Patagônia.
O caso de Santiago Maldonado, cujo paradeiro é desconhecido desde agosto, mobilizou setores da sociedade argentina e rendeu acusações de abuso de autoridade contra a polícia e o governo do presidente Mauricio Macri. Sua família acusou a polícia de colocar o corpo no rio às vésperas da eleição.
O Partido Cambiemos, de Macri, e a Unidad Ciudadana, da ex-presidente Cristina Kirchner, suspenderam atos de campanha previstos para a noite de ontem. O mesmo foi feito por vários candidatos ao Senado e à Câmara. O caso de Maldonado tem dominado a campanha eleitoral, após a qual Macri deve ampliar sua bancada no Congresso. O ativista de 28 anos desapareceu em um ato organizado pela minoria indígena Mapuche que luta pelo direito a terras na Província de Chubut, no sul do país. O corpo dele foi encontrado na terça-feira, no rio de mesmo nome, em um local 300 metros acima de onde o protesto ocorreu.
Agressão. Fontes da Justiça argentina dizem que há elementos suficientes para acreditar que o corpo é o de Maldonado. Segundo o juiz Gustavo Lleral, os restos foram encontrados após uma operação de busca conduzida por navios e cães farejadores.
Parentes e ativistas contes- tam a versão de que o corpo foi encontrado em um local mais alto e num sentido inverso ao curso do rio e denunciam o desaparecimento forçado de Maldonado nas mãos da polícia militar argentina. Os mapuches dizem que Maldonado foi espancado e detido pela Gendarmería durante a dispersão do protesto.
“Pedimos, por favor, que se respeite esse momento difícil que estamos vivendo” Família Maldonado EM COMUNICADO