O Estado de S. Paulo

Sem califado, EI deve retomar raiz guerrilhei­ra, dizem analistas

Especialis­tas americanos e europeus em contraterr­orismo temem ação de células dormentes do grupo

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A capital de facto caiu em mãos do inimigo. O território, que era do tamanho mais ou menos de Portugal, tornou-se um punhado de postos no deserto. Os líderes estão em fuga. Mas, em vez de declarar vitória sobre o Estado Islâmico (EI), especialis­tas ocidentais em contraterr­orismo se preparam para novas ameaças do grupo jihadista.

Desde sua ascensão, em 2014, o EI tem se mostrado um grupo insurgente capaz de perpetrar grandes massacres e, ao mesmo tempo, recrutar simpatizan­tes em todo o mundo prontos para matar em seu nome. Há mais de um ano, líderes do Estado Islâmico prepararam planos de contingênc­ia para retornar ao status de guerrilha que possuía quando ainda se chamava Al-Qaeda na Mesopotâmi­a.

Com a perda de território na Síria e no Iraque, o EI agora se concentra em inspirar ataques de “lobos solitários” no exterior – uma estratégia que já foi vista em atentados em Manchester, no Reino Unido, e em Orlando, na Flórida.

“O Estado Islâmico não aca- bou”, disse Aaron Zelin, que estuda grupos jihadistas no Washington Institute for Near East Policy. “O EI tem um plano, que consiste em esperar pa- ra lutar contra inimigos domésticos, enquanto ganha tempo para reconstrui­r suas redes e inspira seguidores para combater os inimigos externos.”

Mesmo com a queda de Raqqa, a capital administra­tiva do califado declarado por Abu Bakr al-Baghdadi, em 2014, capturada na terça-feira por forças apoiadas pelos EUA, agentes de contraterr­orismo na Europa temem que células adormecida­s do EI despertem no continente e lancem ataques preparados antes de o grupo perder espaço. “É muito claro que estamos lidando com uma intensa ameaça terrorista islâmica no Reino Unido”, disse o diretor do MI5 Andrew Parker.

Um discurso do porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, feito antes de sua morte num ataque com drones dos EUA, estimulava os seguidores do EI a lutar de maneira leve e ágil./

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ERIK DE CASTRO/REUTERS Milicianos sírios celebram conquista de Raqqa Dança.

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