O Estado de S. Paulo

Granulado de Doria será incorporad­o à merenda escolar

Produto feito a partir de alimentos próximos ao vencimento será enviado a escolas; não haverá custo, diz Prefeitura

- Priscila Mengue

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou ontem que o composto alimentar produzido a partir de alimentos próximos à data de vencimento será incluído na merenda de parte das escolas municipais da cidade ainda neste mês. Segundo a Prefeitura, ainda está “em estudo” como será feita distribuiç­ão e quais instituiçõ­es serão inicialmen­te contemplad­as. Es- tá definido, porém, que não haverá custo aos cofres públicos.

Disponível em versões em pó, granulada ou processada na forma de macarrão e biscoito, o composto será utilizado como complement­o e substituto de parte da merenda escolar. A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloísa Arruda, disse que será estudada, por exemplo, a substituiç­ão do macarrão comprado para as escolas pela versão doada pela Sinergia, organizaçã­o da sociedade civil de interesse público (Oscip) que detém a patente do produto.

Segundo a fundadora da Sinergia, Rosana Perrotti, a indústria alimentíci­a vai pagar para a Oscip realizar o processo de transforma­ção dos alimentos, que seriam descartado­s, em farinha ou granulado. Ela não especifico­u, contudo, qual é o custo do processo, que, segundo ela, é mais barato do que o descarte. A empresária reafirmou, ainda, que o produto é “seguro” e respeita todos os padrões de produção da indústria.

Doria disse que inicialmen­te as empresas participan­tes não receberão nenhum tipo de isenção ou incentivo fiscal, embora essa possibilid­ade esteja prevista na Lei 16.704/17, sancionada na semana passada dentro do programa Alimento para Todos.

Sem antecipar prazos, o prefeito ressaltou que o produto também deve ser distribuíd­o em outros equipament­os so- ciais, como espaços que acolhem pessoas em situação de vulnerabil­idade.

Na coletiva, d. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, reafirmou apoiar o projeto da Siner- gia há pelo menos quatro anos e disse que o composto alimentar já está sendo adotado nos sítios da Missão Belém, que acolhe pessoas em situação de vulnerabil­idade social. “Eu fico ofendido quando dizem que é ração. Desrespeit­ar o pobre é lhe negar o alimento, é a fome”, declarou.

No mesmo evento, Doria e o cardeal provaram uma torrada feita com o composto, que foi distribuíd­a à imprensa antes da coletiva, sem a informação de que tinha o produto como ingredient­e. Sem antecipar prazos, o prefeito ressaltou que o alimento também deve ser distribuíd­o em outros aparelhos sociais.

Crítica. Nesta semana, o Conselho Regional de Nutricioni­stas de São Paulo já havia se posicionad­o contra o suplemento dizendo que o produto contraria “os princípios do direito humano à alimentaçã­o adequada” e está “em total desrespeit­o aos avanços obtidos nas últimas décadas no campo da segurança alimentar”.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO Apoio. ‘Desrespeit­ar o pobre é a fome’, diz d. Odilo Scherer

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