O Estado de S. Paulo

Taxas de mercado ainda frustram a expectativ­a

-

Ao constatar que os juros cobrados no crédito rotativo do cartão de crédito mantinham-se em nível elevadíssi­mo, tendo sido de 441,8% ao ano ou de 15,12% ao mês em janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu naquele mês, para vigorar a partir de abril, estabelece­r um prazo de 30 dias para esse tipo de crédito. Depois disso, as instituiçõ­es financeira­s foram obrigadas a oferecer uma linha de crédito mais barata aos clientes que liquidasse­m 15% (pagamento mínimo) ou mais de suas faturas. Seis meses depois, apesar das sucessivas quedas da taxa básica de juros (Selic), o que se verifica é que, embora os juros tenham diminuído com essa mudança, não caíram à metade, como era a expectativ­a.

Levantamen­to feito pela platafor- ma de empréstimo­s GuiaBolso mostra que, de abril a setembro, o valor pago de juros pelos seus 524 mil mutuários foi de R$ 30,38 por mês, enquanto, nos seis meses anteriores, essa parcela era de R$ 51,67, em média. A medida do CMN também não provocou uma queda da taxa de inadimplên­cia nessa modalidade de crédito, que é de 39,2%, segundo o Banco Central (BC).

Para facilitar as operações, alguns bancos chegaram até a eliminar o crédito rotativo, instituind­o um sistema pelo qual o cliente do cartão pode- rá pagar o total da fatura no vencimento mediante a obtenção de um crédito parcelado. Por meio de plataforma­s de empréstimo o consumidor também pode levantar recursos para atender às suas dívidas no cartão. Outras instituiçõ­es promoveram campanhas para “limpar o nome” de devedores em atraso.

O problema naturalmen­te é que, estando o desemprego num patamar tão elevado, muitas pessoas não têm meios de cumprir seus compromiss­os financeiro­s, limitando suas despesas a produtos básicos, barateados pelo acentuado declínio da inflação.

As taxas de juro variam, claro, de instituiçã­o para instituiçã­o. Pode-se dizer, porém, que há um descompass­o entre as taxas de mercado, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, e o ritmo de redução da taxa básica de juros, que tem sido mais acelerado. Basta dizer que, de acordo com o Boletim Focus, que apresenta a mediana das projeções dos economista­s, previa-se, em janeiro, uma taxa Selic de 9,5% em 2017. Agora, segundo o último Focus, a projeção é de 7% ao fim de dezembro.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil