O Estado de S. Paulo

Mantida prisão de tenente que matou turista

Decisão judicial mandou soltar o PM, mas ele ficará detido por acusação de crime militar

- Constança Rezende Roberta Pennafort / RIO

O tenente da Polícia Militar do Rio David dos Santos Ribeiro, acusado de matar com um tiro anteontem a turista espanhola Maria Esperanza Ruiz, na Rocinha, zona sul do Rio, vai continuar preso, apesar de ter conseguido liberdade provisória na Justiça. Ribeiro é acusado do crime de disparo de arma de fogo em via pública, o que contraria normas da corporação e esse delito será analisado pela Justiça Militar.

A decisão judicial para libertar o PM vale apenas para o crime de homicídio doloso qualificad­o, pelo qual foi indiciado pela Polícia Civil. O tenente segue preso no Batalhão Especial Prisional, em Niterói, na região metropolit­ana.

Além de Ribeiro, foi preso o soldado Luís Noronha Rangel, que atirou para cima durante a abordagem. Ele – que não foi indiciado por homicídio, mas só por crime militar – também segue preso. Para que ambos sejam soltos, é necessário recurso na Justiça Militar.

Ribeiro matou a espanhola quando ela deixava a Rocinha, de carro, após passeio turístico. Ela fora visitar a comunidade le- vada por uma agência de turismo. O veículo em que estava foi alvejado perto do Largo do Boiadeiro, na saída do morro.

Segundo o delegado da Divisão de Homicídios, Fábio Cardoso, houve conflito de versões entre PMs (que afirmaram que o motorista do carro desobedece­u ordem para parar) e testemunha­s que estavam no veículo (que negam ter visto a ordem do policial). O automóvel foi atingido duas vezes: no vidro traseiro e no para-choque. Mas houve outros disparos. “Tenho de ressaltar que, o fato de um carro não acatar a ordem de parada não dá o direito de os policiais atirarem”, disse Cardoso. Em depoimento, Ribeiro ficou calado.

Empresa. Por nota, o Grupo Rio Carioca Tour, responsáve­l pelo passeio em que Maria Espe- ranza foi morta, afirmou que o motorista relatou ter ouvido três disparos. Segundo a empresa, o motorista já havia sido parado por policiais e teve o carro revistado antes de buscar os turistas.

Quando ouviu os três disparos, o motorista, “achando que se tratava de um tiroteio, acelerou para sair da Rocinha”. Só na Auto-Estrada, quando foi parado por outro grupo de PMs, eles perceberam que a espanhola havia sido baleada.

A Rio Carioca Tour também afirmou ser credenciad­a e acostumada a fazer passeios pela favela e negou ter recebido informaçõe­s da polícia sobre confrontos na comunidade no dia. A Polícia Civil também investiga a responsabi­lidade da empresa no caso.

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ANTONIO LACERDA/EFE Rio. Motorista contratado por agência de turismo nega ter visto ordem de parar por policiais na Rocinha

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