O Estado de S. Paulo

Foro especial de militares enfrenta resistênci­a

- Beatriz Bulla / BRASÍLIA

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) discute medidas para questionar a lei que ampliou a competênci­a da Justiça Militar. Na próxima semana, subprocura­dores devem encami- nhar uma representa­ção à procurador­a-geral, Raquel Dodge, para que o caso seja levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e.

No último dia 10, o Senado aprovou projeto que transfere à Justiça Militar o julgamento de crimes dolosos, como homicídios, praticados por militares contra civil durante missões. Antes disso, a legislação previa que a Justiça comum era responsáve­l pelo caso. O texto foi sancionado na segunda-feira passa- da pelo presidente da República Michel Temer.

Três dias após a sanção, o vice-procurador-geral da República, Luciano Maia, e subprocura­dores que coordenam as Câmaras Criminal e de Controle Externo da Atividade Policial, e da Procurador­ia Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), tiveram uma reunião para tratar do assunto. As duas Câmaras e a PFDC já tinham oferecido nota técnica contrária à aprovação do projeto de lei, mas o texto não evitou a sanção.

No encontro, os subprocura­dores discutiram a decisão da Corte Interameri­cana de Direitos Humanos de maio que con- denou o Brasil por não julgar acusados por duas chacinas na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em operações policiais há mais de 20 anos. A avaliação de participan­tes da reunião é de que a sentença internacio­nal deixa claro que violações de civis devem ser investigad­as por um órgão diferente daquele que deve ser alvo da investigaç­ão.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil