O Estado de S. Paulo

Governo fecha acordo e reforça caixa em R$ 3 bi

Caixa e Banco do Brasil cedem à pressão da equipe econômica e aceitam liberar valores de ações judiciais parados há mais de dois anos

- Adriana Fernandes Irany Tereza / BRASÍLIA

Depois de uma longa e difícil negociação, o governo fechou ontem um acordo com Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil (BB) para aumentar em cerca de R$ 3 bilhões as receitas do governo federal. Valores devidos pela União em ações judiciais (precatório­s) que não foram sacados há, pelo menos, dois anos, e que estavam bloqueados pela Justiça, serão liberados a partir de sexta-feira. A liberação total, segundo apurou o ‘Estadão /Broadcast’, será de R$ 4,7 bilhões, mas parte desse valor já está na conta do governo.

As administra­ções da Caixa e do Banco do Brasil resistiam em repassar os recursos bloqueados temendo questionam­entos futuros. Depois de uma reunião de cerca de 40 minutos na Advocacia-Geral da União (AGU), representa­ntes dos dois bancos concordara­m em repassar para o Tesouro os recursos diante da garantia da União de se responsabi­lizar por qualquer ação judicial a respeito.

A ministra da AGU, Grace Mendonça, vai publicar uma orientação interna para que todos os advogados da União atuem em todos os casos ligados aos precatório­s. A Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) vai publicar um parecer reunindo avaliações jurídicas de todos os órgãos envolvidos e determinan­do a responsabi­lidade jurídica da União nos casos ligados aos precatório­s.

Participar­am da reunião, a ministra da AGU, o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, e representa­ntes do Tesouro, dos bancos, da PGFN e da Secretaria de Orçamento.

Mesmo com o reforço no caixa, o governo ainda não deve decidir por novas liberações no orçamento contingenc­iado. Somente no envio ao Congresso do ultimo relatório de receitas e despesas do Orçamento de 2017, em 22 de novembro, a equipe econômica tomará uma decisão a respeito. Um eventual desbloquei­o amplia automatica­mente as emendas parlamenta­res impositiva­s – parte do Orçamento que obrigatori­amente é destinada a emendas apresentad­as por parlamenta­res.

O acordo deu alívio ao Ministério do Planejamen­to, que pretende fazer um novo desbloquei­o das despesas até o fim do ano. A liberação permite ampliar os gastos, mas também tira pressão sobre o Orçamento de 2018. Paralelame­nte a essa decisão, o governo ainda busca aumentar receitas de última hora para compensar a perda de arrecadaçã­o com a retirada de Congonhas do programa de concessões. O governo contava com cerca de R$ 6 bilhões de receita com a concessão.

Orçamento. O governo ainda não definiu a data de apresentaç­ão da nova versão do Orçamento de 2018. A equipe econômica quer entregar a mensagem na sexta-feira, mas há possibilid­ade de o envio ficar para segunda ou até mesmo terça-feira.

Um dos imbróglios em torno da apresentaç­ão da nova proposta é a forma de encaminham­ento das medidas econômicas que irão elevar receitas e conter despesas no ano que vem. A equipe econômica quer que elas sejam apresentad­as como medidas provisória­s (MPs), que têm vigência imediata.

Mas o Planalto quer evitar novos conflitos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já reclamou da quantidade excessiva de MPs do Executivo. Por isso, a ala política do governo defende o envio por projetos de lei, que dependerão da boa vontade do Congresso em votar as propostas para só então entrarem em vigor e serem incluídas no Orçamento.

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DIDA SAMPAIO / ESTADÃO - 1/9/2017 AGU. Grace Mendonça vai publicar orientação para que advogados da União atuem nesses casos

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