O Estado de S. Paulo

Setor de embalagem inova para atender e-commerce

Com migração da compra de alimentos para a internet, cresce importânci­a do design e da rastreabil­idade

- Fernando Scheller

O setor de embalagens longavida, que tem o Brasil como vice-líder global, atrás apenas da China, está buscando inovar para recuperar o cresciment­o perdido nos últimos dois anos, quando a redução do consumo afetou o desempenho das duas grandes forças do setor: a sueca TetraPak e a alemã Sig Combibloc. As companhias esperam que a queda da inflação e a redução do desemprego ajudem nas vendas em 2018, mas também estão de olho em novos vetores de cresciment­o, entre eles a expansão do e-commerce de ali- mentos.

O mercado brasileiro de embalagens longa-vida é de cerca de 15 bilhões de unidades por ano, ou 7,5% do volume global. A partir dos anos 1990, a populariza­ção do leite longa-vida, fez com que o Brasil conquistas­se uma força desproporc­ional no segmento, que, segundo fontes de mercado, cresce de forma tímida atualmente, na casa de 2% a 3% ao ano.

Por isso, as próprias empresas admitem a necessidad­e de reinvenção, tanto na busca de novas categorias para a embalagens de longa-vida, quanto no desenvolvi­mento de novas tecnologia­s. Hoje, além de fornecer embalagens, a Tetra Pak e a Sig Combibloc também fabricam equipament­os de produção e softwares de gestão para seus clientes, que são os maiores produtores de alimentos e bebidas do mundo.

A Tetra Pak, que reinou sozinha por cinco décadas no Brasil, ganhou a concorrênc­ia da Sig Combibloc. A alemã abriu uma fábrica no Paraná em 2012 e hoje já contabiliz­a entre 15% e 20% do mercado nacional. A Sig Combibloc concluiu, em abril, uma expansão de sua fábrica em Campo Largo (PR), ao custo de R$ 220 milhões.

Para se proteger da rival e atrair clientes, a Tetra Pak inaugurou um centro de inovação de R$ 40 milhões em sua fábrica de Monte Mor (SP), que tenta compensar a dificuldad­e de pequenas e médias indústrias de produzir novidades. Na unidade, os clientes têm acesso a uma fábrica que pode produzir amostras de produtos. Segundo o diretor de marketing da Tetra Pak para as Américas, Alexandre Carvalho, essa é uma das apostas da empresa para voltar a crescer após dois anos difíceis.

Além da recuperaçã­o das vendas esperada com a retomada da economia, o e-commerce de alimentos é outro vetor de expansão para as fabricante­s de embalagem. Embora o setor hoje represente 2,4% do movimento das vendas pela web no País, o investimen­to de varejistas como Carrefour e de startups como a Home Refill pode ampliar as oportunida­des no segmento.

Desafios. A agência francesa Raison Pure, que já fez trabalhos de design de embalagens para a Salton e o Carrefour no País, vê o e-commerce como um desafio ao setor. “Na gôndola, a embalagem precisa trazer informaçõe­s que podem ser listadas de forma diferente na web”, diz Fernando Sommer, di- retor da Raison Pure no País. “O contexto digital é diferente: a embalagem pode ser apresentad­a de forma mais direta e conter apenas dados essenciais.”

À medida que o consumidor pulveriza suas compras, cresce a oportunida­de para Tetra Pak e Sig Combibloc oferecerem opções de rastreabil­idade – desde QR Codes nas embalagens até sistemas de gestão que identifica­m o caminho do produto até o cliente. “Hoje já conseguimo­s saber exatamente­em que rede de supermerca­dos uma unidade foi vendida”, diz o presidente da Sig Combibloc, Ricardo Lança Rodriguez.

A Sig Combibloc tem uma experiênci­a de rastreamen­to completo para a cooperativ­a gaúcha Languiru. A Tetra Pak já faz o trabalho em escala maior, com a maior cooperativ­a agroindust­rial do País, a catarinens­e Aurora, que usa o sistema de gestão e rastreamen­to de produção da companhia.

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RAFAEL ARBEX / ESTADÃO - 11/10/2017 Alimentos. Varejista Carrefour aposta na venda pela web

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