Vulcabrás levanta R$ 747 mi em reestreia na Bolsa
Fabricante de calçados, que passou por forte reestruturação nos últimos anos, deverá usar parte do dinheiro arrecadado para pagar dívidas
A nova oferta de ações da Vulcabrás movimentou R$ 747,5 milhões. O papel da dona das marcas Azaleia e Olympikus foi fixada em R$ 9,50, no meio da faixa indicativa de preço, de R$ 8,50 a R$ 10,50. Com a operação, as ofertas de ações no Brasil já somam R$ 33 bilhões este ano.
Com a oferta, a Vulcabrás migrará ao Novo Mercado, segmento de maior exigência de governança da B3, a bolsa paulista. A empresa já era listada em bolsa, mas tinha baixíssima liquidez – o que fez parte do mercado classificar a operação como um novo IPO.
Na prática, a emissão de ações marcará a reestreia da calçadista no mercado. A oferta foi primária, com o valor indo direto ao caixa da companhia, e secundária, permitindo venda de ações detidas pelos acionistas atuais.
Reestruturação. Após um processo pesado de reestrutura- ção, que durou quase três anos, a companhia voltou a dar sinais positivos para o mercado. Após cinco anos de prejuízo, a empresa conseguiu registrar lucro em 2016, e, em 2017, deverá repetir o desempenho.
No primeiro semestre deste ano, a companhia, dona de mar- cas como Azaleia e Olympikus, teve lucro de R$ 51,6 milhões, ante R$ 200 mil no mesmo período de 2016.
Para voltar ao lucro, a companhia teve de reduzir drasticamente seu tamanho. De uma empresa com faturamento de R$ 3,5 bilhões (em valores atua- lizados pela inflação), 29 fábricas e 45 mil empregados, a Vulcabrás se tornou um negócio de R$ 1,3 bilhão de receita total, três fábricas e 15 mil funcionários. A empresa, que chegou a ser a maior calçadista do País, hoje tem 4% do mercado.
No início do ano, a empresa contratou o Credit Suisse para buscar alternativas para um aporte. O Credit foi o coordenador líder da oferta, ao lado de Bradesco BBI, BTG Pactual e Bank of America Merrill Lynch. Conforme o prospecto da oferta, o objetivo da companhia é a redução do endividamento.
Parte dos R$ 575 milhões captados na oferta primária deve ser usada para amortizar dívidas. O Bradesco, cujo braço de investimentos atua como coordenador da oferta, também é credor da companhia.
Além disso, os recursos devem ser destinados para pagar empréstimos concedidos à empresa por alguns acionistas para investimentos na modernização industrial, desenvolvimento de produto e capital de giro. Segundo fontes próximas a operação, o fundador Pedro Grendene colocou cerca de R$ 450 milhões nos últimos anos – informação que a Vulcabrás não confirma.
Aquecido. O ano de 2017 está aquecido para o mercado de ações. Para o mês de dezembro estão previstos IPOs de Neoenergia, Burger King Brasil, Algar Telecom e BR Distribuidora. Se todas as ofertas realmente saírem do papel, o valor movimentado poderá superar a marca de R$ 50 bilhões.