O Estado de S. Paulo

Tanure tenta pedir destituiçã­o de executivos da Oi

Sócio da tele, empresário foi a Brasília na tentativa de derrubar diretoria, que não apoia seu plano de recuperaçã­o da empresa

- Anne Warth Carla Araújo / BRASÍLIA

Como última cartada para tentar a aprovação de seu plano de recuperaçã­o para a Oi, o empresário Nelson Tanure percorreu ontem gabinetes governamen­tais e da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel), em Brasília, para pedir a destituiçã­o da diretoria da Oi. Os executivos não apoiam o plano que foi aprovado pelo Conselho de Administra­ção da companhia.

O périplo, no entanto, não foi bem-sucedido, apurou o Estadão/Broadcast. O conflito entre diretoria e conselho já havia sido detectado pela Anatel. Ao todo, a Oi tem 12 diretores, incluindo o presidente da empresa, Marco Schroeder. A campanha do empresário em Brasília foi negada pela assessoria de Tanure. A Oi não comentou.

Tanure tem 5,28% da companhia diretament­e e tem o apoio da Pharol (ex-Portugal Telecom), dona de 22,24%. No plano apresentad­o por Tanure, está prevista uma capitaliza­ção de R$ 9 bilhões, sendo R$ 6 bilhões de dinheiro novo e R$ 3 bilhões por meio da conversão de dívida em ações.

Insatisfei­tos com as condi- ções da proposta protocolad­a na Justiça, um grupo liderado pela Advocacia-Geral da União (AGU) e composto por bancos públicos e privados prepara um plano alternativ­o para a tele. A estratégia do governo, que tem apoio de credores como G5 Evercore e Moelis, é afastar a proposta de Tanure.

Em reunião realizada ontem na AGU, ficou acertado que o novo plano será fechado até a próxima segunda-feira. A proposta será elaborada pelos ban- cos oficiais e privados.

Esse grupo concentra mais da metade das dívidas da Oi, que somam R$ 65 bilhões. Juntos, BNDES, Banco do Brasil e Caixa têm cerca de R$ 10 bilhões a receber. Já as dívidas com bondholder­s representa­dos por Moelis e G5 Evercore somam R$ 22 bilhões. A Anatel e a AGU têm R$ 12 bilhões a receber, sem contas impostos, outorgas e multas estimadas, que elevam o valor a R$ 20 bilhões.

Na segunda-feira, a Anatel re- jeitou a proposta de um Termo de Compromiss­o de Ajustament­o de Conduta (TAC) para a Oi, que permitiria substituir multas de R$ 5 bilhões por investimen­to em rede. A agência também revogou o primeiro TAC, aprovado em maio do ano passado, um mês antes de a empresa entrar em recuperaçã­o judicial, e que viabilizar­ia a troca de R$ 1,2 bilhão em multas por R$ 3,2 bilhões em investimen­tos.

Para o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab, a postura da Anatel fortalece a busca de uma solução única para as dívidas da companhia.

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