Multas por falta de cinto despencam em SP
Avanço da tecnologia é apontado como uma das razões para a queda
Onúmero de motoristas multados todos os meses em São Paulo por dirigir sem cinto de segurança caiu 37% entre 2015 e 2017. De janeiro a setembro deste ano, foram registradas, em média, 14.670 infrações desse tipo no Estado por mês, ante a média mensal de 23.331 em 2015. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública, que credita a redução às campanhas educativas e programas para conscientizar os condutores em relação ao uso do dispositivo. Esse argumento é contestado por especialistas em trânsito.
Sociólogo e consultor em segurança viária, Eduardo Biavati afirma que a queda no número de infrações só poderia ser atribuída às ações públicas se cada uma delas tivesse sido avaliada. “Quase nada sabemos sobre o impacto, em termos qualitativos ou quantitativos, dessas campanhas”, diz.
Doutor em psicologia do trânsito, Fábio de Cristo concorda. “As explicações das autoridades são muito amplas. É necessário um diagnóstico mais sistemático e aprofundado para termos maior clareza do que funcionou, do que não funcionou e por quê”, diz. O especialista aponta a crise econômica, reduziu o número de veículos nas vias, como um dos principais fatores responsáveis pela queda das autuações.
Uma pesquisa realizada em julho deste ano pela Arteris, companhia do setor de concessões que administra rodovias como a Fernão Dias e Régis Bittencourt, corrobora essa avaliação. Dos entrevistados, 91,1% afirmaram que sempre utilizam o cinto de segurança, número muito próximo dos 89,7% aferidos na pesquisa feita em 2016.
Não houve, portanto, grande variação no comportamento dos motoristas.
Para Biavati, tanto um maior “aperto” quanto um controle menos rigoroso por parte da fiscalização podem contribuir para a queda do número de multas. Contudo, a Secretaria de Segurança e o Detran informam que não houve alteração da metodologia de fiscalização da Polícia Militar.
Em nota, o Detran-SP infor- ma que novas tecnologias também têm contribuído com a redução, já que muitos veículos disparam alerta sonoro quando o cinto não está em uso. Atualmente, o dispositivo equipa até mesmo modelos de entrada, como o Chevrolet Onix, carro mais vendido do Brasil, que parte de R$ 41.990.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o cinto de segurança é de uso obrigatório não apenas para quem viaja na parte da frente do veículo, mas também para os ocupantes do assento de trás. Desrespeitar a lei é infração grave, com multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH.
CINTO ATRÁS
Pesquisa feita pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) apurou que os passageiros do banco traseiro passaram a utilizar mais o cinto de segurança entre 2014 e 2016. Foi um salto e tanto: de 46% para 65%. “É preciso ter cautela para avaliar esses dados”, diz Biavati. O especialista lembra que a fiscalização do uso do cinto no banco traseiro é bastante difícil, até mesmo para agentes que estejam na via.