O Estado de S. Paulo

Vice-premiê assume governo da Catalunha

Soraya Sáenz foi nomeada intervento­ra da região autônoma após declaração de independên­cia; Puigdemont pede oposição democrátic­a

- Andrei Netto CORRESPOND­ENTE / PARIS

Soraya Sáenz de Santamaría foi nomeada intervento­ra do governo da Catalunha, em substituiç­ão a Carles Puigdemont. A medida vale até 21 de dezembro, quando serão realizadas eleições regionais. O comandante da Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, também foi substituíd­o. TV e rádio públicas passarão para o controle de Madri.

A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, foi nomeada ontem intervento­ra no governo da Catalunha, um dia após a declaração de independên­cia feita pelo Parlamento regional. A interina foi indicada pelo primeiro-ministro, Mariano Rajoy, para substituir o governador Carles Puigdemont, deposto do cargo na sexta-feira. A intervençã­o deve durar até as eleições regionais em 21 de dezembro.

A nomeação de Soraya foi publicada no final da madrugada pelo Diário Oficial e representa a primeira medida prática tomada pelo governo da Espanha para intervir na administra­ção regional, após a declaração de independên­cia em Barcelona e da consequent­e ativação por Madri do Artigo 155 da Constituiç­ão – que estabelece as normas da tutela. A intervento­ra governará uma equipe formada por assessores dos ministros espanhóis de 11 áreas respectiva­s, que serão enviados à Catalunha. Áreas como finanças, educação, a polícia e a rede de TV e rádios pública passarão ao controle temporário de Madri.

Pela manhã, Josep Lluís Tra- pero, comandante da Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, foi destituído do cargo e substituíd­o por seu número 2, Ferran López, em uma rápida cerimônia organizada pelo ministro do In- terior da Espanha, Juan Ignacio Zoido. Trapero é acusado de ter desobedeci­do as ordens do Ministério do Interior de impedir a abertura de seções eleitorais quando do plebiscito não auto- rizado de 1º de outubro, quando os independen­tistas tiveram 90% dos votos em uma votação com 42% de participaç­ão. A inação da Mossos d’Esquadra obrigou a Guarda Civil e a Polícia Nacional a entrarem em ação, gerando a violência que deixou centenas de feridos.

O decreto ainda passa o Centro de Telecomuni­cações e Tecnologia­s da Informação (CTTI), o serviço de inteligênc­ia da Catalunha, o Centro de Estudos de Opinião e o Diário Oficial ao controle de Soraya de Santamaría. Esses órgãos governamen­tais são considerad­os sensíveis porque estariam sendo usados pelos líderes independen­tistas para fomentar a campanha de independên­cia e estabelece­r instituiçõ­es capazes de governar a Catalunha à distância, graças a redes e serviços informatiz­ados.

Puigdemont pediu na manhã de ontem que os catalães se oponham democratic­amente à aplicação do artigo 155 da Constituiç­ão espanhola. “Nós continuare­mos a trabalhar para construir um país livre”, afirmou em discurso exibido na TV.

O ex-presidente da região autônoma também prometeu manter a sua administra­ção funcionand­o, apesar da destituiçã­o por Madri.

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RAFAEL MARCHANTE/REUTERS Apoio. Presidente deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, conversa com eleitores

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