Vice-premiê assume governo da Catalunha
Soraya Sáenz foi nomeada interventora da região autônoma após declaração de independência; Puigdemont pede oposição democrática
Soraya Sáenz de Santamaría foi nomeada interventora do governo da Catalunha, em substituição a Carles Puigdemont. A medida vale até 21 de dezembro, quando serão realizadas eleições regionais. O comandante da Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, também foi substituído. TV e rádio públicas passarão para o controle de Madri.
A vice-primeira-ministra da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, foi nomeada ontem interventora no governo da Catalunha, um dia após a declaração de independência feita pelo Parlamento regional. A interina foi indicada pelo primeiro-ministro, Mariano Rajoy, para substituir o governador Carles Puigdemont, deposto do cargo na sexta-feira. A intervenção deve durar até as eleições regionais em 21 de dezembro.
A nomeação de Soraya foi publicada no final da madrugada pelo Diário Oficial e representa a primeira medida prática tomada pelo governo da Espanha para intervir na administração regional, após a declaração de independência em Barcelona e da consequente ativação por Madri do Artigo 155 da Constituição – que estabelece as normas da tutela. A interventora governará uma equipe formada por assessores dos ministros espanhóis de 11 áreas respectivas, que serão enviados à Catalunha. Áreas como finanças, educação, a polícia e a rede de TV e rádios pública passarão ao controle temporário de Madri.
Pela manhã, Josep Lluís Tra- pero, comandante da Mossos d’Esquadra, a polícia catalã, foi destituído do cargo e substituído por seu número 2, Ferran López, em uma rápida cerimônia organizada pelo ministro do In- terior da Espanha, Juan Ignacio Zoido. Trapero é acusado de ter desobedecido as ordens do Ministério do Interior de impedir a abertura de seções eleitorais quando do plebiscito não auto- rizado de 1º de outubro, quando os independentistas tiveram 90% dos votos em uma votação com 42% de participação. A inação da Mossos d’Esquadra obrigou a Guarda Civil e a Polícia Nacional a entrarem em ação, gerando a violência que deixou centenas de feridos.
O decreto ainda passa o Centro de Telecomunicações e Tecnologias da Informação (CTTI), o serviço de inteligência da Catalunha, o Centro de Estudos de Opinião e o Diário Oficial ao controle de Soraya de Santamaría. Esses órgãos governamentais são considerados sensíveis porque estariam sendo usados pelos líderes independentistas para fomentar a campanha de independência e estabelecer instituições capazes de governar a Catalunha à distância, graças a redes e serviços informatizados.
Puigdemont pediu na manhã de ontem que os catalães se oponham democraticamente à aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola. “Nós continuaremos a trabalhar para construir um país livre”, afirmou em discurso exibido na TV.
O ex-presidente da região autônoma também prometeu manter a sua administração funcionando, apesar da destituição por Madri.