O Estado de S. Paulo

Exercício militar acompanha diplomacia

Marinha dos EUA envia 3 gigantesco­s porta-aviões nucleares para manobras enquanto Donald Trump estiver na Ásia

- Roberto Godoy

Nos próximos dias, talvez em uma semana, uma conjunção de poder de fogo que o mundo não vê há cerca de 20 anos se formará no Oceano Pacífico, nas cercanias da Península Coreana. Ali, em coordenada­s exatas mantidas em segredo, três grupos de ataque da Marinha dos EUA, liderados por três gigantesco­s porta-aviões nucleares de 100 mil toneladas, estarão operando em conjunto, enquanto Donald Trump visita países da região – Japão, Coreia do Sul, China, Vietnã e Filipinas.

As embarcaçõe­s vão adicionar de uma só vez ao cenário tenso centenas de caças pesados, drones, helicópter­os, aeronaves de reconhecim­ento e sobretudo armas avançadas – bombas guiadas, mísseis inteligent­es, mísseis antimíssei­s, grandes torpedos de 3,6 toneladas.

O movimento faz parte da escalada americana de pressão sobre o regime norte-coreano de Pyongyang. Os serviços de inteligênc­ia ocidentais acreditam que o ditador Kim Jong-un esteja preparando um novo teste de sua capacidade estratégic­a. Um ensaio duplo, abrangendo a detonação de uma carga nuclear e o lançamento de um foguete balístico de longo alcance, provavelme­nte na direção de Guam, a 3.400 km, sede de uma vasta base da aviação dos EUA.

A movimentaç­ão começou há uma semana, depois de o general David Goldfein, chefe do Estado-Maior da Força Aérea, anunciar que os bombardeir­os B-52 vão voltar ao regime RTF (pronto para voar, na sigla em inglês) de plantão de 24 horas. Esse era o padrão durante os anos da Guerra Fria. Os B-52 podem carregar 31 toneladas de cargas de combate – incluindo bombas atômicas.

A rigor, o porta-aviões Nimitz, o mais antigo do trio, comissiona­do em 1975, está na área depois de um longo período de quase três meses em atividade no Oriente Médio, realizando 1.322 missões contra posições do Estado Islâmico na Sí- ria e no Iraque. O Nimitz, de 100 mil toneladas e 333 metros de compriment­o – três campos de futebol –, leva até 90 aeronaves e 5.680 tripulante­s.

Gastos militares. O grupo de ataque liderado pelo navio vai atuar nas águas onde já estão outras duas flotilhas de igual porte – as do USS Theodore Roosevelt e do USS Ronald Reagan. Há 42 anos, o orçamento final da construção do Nimitz apontava para estratosfé­ricos US$ 8,5 bilhões.

O custo do mais novo do trio, o Gerald Ford, recebido só há cinco meses, bateu na faixa dos US$ 15 bilhões. Ao longo do tempo, os navios foram adotando inovações tecnológic­as. Tudo isso passou a ser assunto sigiloso. A tal ponto que mesmo a velocidade máxima real é agora uma informação reservada – é provável que o Ford faça perto de 60 km/hora, 18 km/h a mais que o Nimitz.

A flotilha é integrada por dois cruzadores de 9.200 toneladas, ambos lançadores dos mísseis de cruzeiro Tomahawk, de alta precisão, 450 kg de explosivos, alcance entre 1,3 mil km e 2,2 mil km. Com eles, navegam dois destróiere­s, equipados com o sofisticad­o sistema de radar Aegis.

São essas as unidades que disparam os mísseis intercepta­dores – de aviões e de outros mísseis. Sob a superfície, em silêncio, e com a prioridade de defender os porta-aviões americanos, circula um submarino, armado com torpedos, Tomahawks de emprego geral e Harpoons, especializ­ados na destruição de navios.

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