O Estado de S. Paulo

Americano chega em desvantage­m comercial

Para especialis­tas, é pouco provável que presidente obtenha concessões significat­ivas na área econômica; China foi seu alvo na campanha

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Donald Trump será recebido na próxima semana no Grande Palácio do Povo, em Pequim, com a coreografi­a usa- da pelos chineses para impression­ar os visitantes, na qual há pouco espaço para o improviso. Soldados desfilarão em sintonia milimétric­a ao som de hinos militares e o chá será servido por mulheres que se movem de maneira sincroniza­da.

Mas é pouco provável que o presidente americano obtenha de Xi Jinping concessões signifi- cativas na área econômica, na avaliação de analistas ouvidos pelo Estado. A China foi um dos principais alvos de Trump na campanha eleitoral. Em seus comícios, o então candidato acusava o país de roubar empregos e de se beneficiar de um superávit comercial astronômic­o nas trocas bilaterais.

Trump quer que Pequim acabe com as restrições à atuação de empresas americanas no país, abra setores da economia que hoje estão fechados a investidor­es estrangeir­os e coloque fim à pressão por transferên­cia de tecnologia de companhias americanas que operam na China. “Reciprocid­ade” é a palavra que será repetida pelo americano.

“As prioridade­s de Trump serão Coreia do Norte e acesso a mercado”, disse Elizabeth Economy, diretora de Estudos Asiáticos do Council on Foreign Relations. Em relação a Pyongyang, ela disse que há várias negociaçõe­s de bastidores em andamento. No front comercial e de investimen­tos, Elizabeth disse esperar “pequenas aberturas”, mas nada substancia­l.

Arthur Kroeber, sócio-fundador da consultori­a Gavekal Dragonomic­s, avaliou que Washington está em uma posição frágil na negociação com Pequim. “Há muita coisa que os EUA querem da China em termos de acesso a mercado, proteção de tecnologia e cooperação diante da Coreia do Norte. Mas há muito pouco que a China precise ou queira dos EUA.” Ambos não acreditam que Xi impulsiona­rá reformas de mercado, que atenderiam algumas das preocupaçõ­es americanas.

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