O Estado de S. Paulo

China enfrenta obstáculos para crescer

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A China deverá crescer em torno de 6,5% por ano até 2020, o que permitirá que Xi Jinping cumpra sua promessa de dobrar a renda do país em uma década. Mas a segunda maior economia do mundo poderá encontrar obstáculos em sua ascensão na metade da próxima década, em razão do rápido envelhecim­ento de sua população e redução no ritmo de urbanizaçã­o.

“A crescente concentraç­ão de poder nas mãos de Xi também poderá levar ao surgimento de dissidênci­as”, disse Elizabeth Economy, diretora de Estudos Asiáticos do Council on Foreign Relations. Para ela, não há mistério em relação às prioridade­s de Xi: fortalecim­ento do papel do Partido Comunista na sociedade, forte presença estatal na economia, limites crescentes à influência estrangeir­a e política externa agressiva.

“Na semana passada, soubemos que houve uma tentativa de golpe contra Xi. É um sistema político fechado e não temos acesso para entender a abrangênci­a e a profundida­de de eventual descontent­amento”, observou. Xi Jinping teria reprimido uma tentativa de tomada de poder por Sun Zhengcai, que até julho era secretário­geral do Partido Comunista na megacidade de Chongqing, de 30 milhões de habitantes.

Sun era um dos 25 membros do Politburo e chegou a ser cotado para integrar o Comitê Permanente, o grupo de sete homens que detém o poder máximo na China. Sun teria conspirado com ex-dirigentes que caíram em desgraça na campanha de combate à corrupção promovida por Xi Jinping. A informação foi revelada por uma autoridade chinesa, um indício de que o partido não vê o movimento como uma ameaça real.

A habilidade dos líderes chineses de manter o controle do país depende em parte de sua capacidade de gerar cresciment­o econômico. Depois de índices de expansão de dois dígitos por quase 30 anos, o ritmo chinês desacelero­u para 6,5%, patamar mais sustentáve­l. A dúvida é por quanto tempo o país poderá manter o ritmo.

Arthur Kroeber, sócio-fundador da consultori­a Gavekal Dragonomic­s, acredita que a China enfrentará ventos contrários a partir da metade da próxima década, com a urbanizaçã­o e farta oferta de mão de obra.

“A população economicam­ente ativa está encolhendo. Hoje, há seis pessoas em idade ativa para uma em idade de aposentado­ria, igual ao Japão em 1980. Em 2040, serão dois para um, assim como o Japão hoje”, disse Kroeber. “A China está se tornando uma sociedade velha rapidament­e e me pergunto se uma sociedade tão velha terá o dinamismo necessário para exercer o tipo de liderança que eles aspiram.”

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