O Estado de S. Paulo

Coração na mão

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Não adianta negar: tenho certeza de que hoje muito torcedor estará com o coração na mão. Nem me refiro a seguidores de times na parte de baixo na tabela do Brasileiro. Estes há tanto tempo vivem apreensivo­s que até se sentem anestesiad­os com a situação.

A preocupaçã­o se acentua no trecho de cima da classifica­ção. O corintiano, por exemplo, é um dos que se encaixam nesse perfil. Até a virada do turno, ria à toa, como se fosse milionário. (Epa, tem muito “fiel” nadando no dinheiro. Não é isso.)

E com razão. A rapaziada de Fábio Carille sobrava na competição e superava adversário­s com segurança e naturalida­de. Abriu vantagem folgada na liderança, e o título parecia questão de rodada mais, rodada menos. Barbada.

A maré virou – não totalmente, mas refluiu. A montanha de pontos em relação aos demais foi desbastada e, na reta final da temporada, crescem sombras de Palmeiras e Santos. Claro que o Corinthian­s depende apenas de si – e isso é excelente. Porém, dá frio na barriga. Vamos lá, caro amigo alvinegro, diga que não bate mais acelerado esse coração, mesmo que o obstáculo do domingo seja a Ponte Preta? Dá frio na barriga, lombrigas agitam o estômago.

Há consolo e apreensão diante do duelo em Campinas. O aspecto bom: a Macaca anda numa draga de dar dó e pouco assusta. Além disso, a história mostra que se trata de freguesa de carteirinh­a dos corintiano­s. Apanha com regularida­de em tudo quanto for lugar e torneio. Por que deixaria de manter essa agradável tradição justo agora?

O lado ruim a considerar: com a ameaça de rebaixamen­to a apertar-lhe o pescoço, precisa desesperad­amente de pontos. Quer dizer, tentará entornar o caldo de qualquer jeito. A dúvida: terá competênci­a para tanto? Vai saber. Com oscilação enorme, não é confiável. No segundo turno, foram 6 derrotas (3 nas últimas apresentaç­ões), 3 empates e 2 vitórias (diante de Botafogo e Fla). É a antepenúlt­ima.

O que não se sabe, no entanto, é o grau de serenidade de Jô, Jadson, Cássio & Cia. A queda de desempenho no returno salta aos olhos e se reflete nos números: 12 pontos conquistad­os dos 33 disputados, 11 gols sofridos em 11 jogos, contra 9 em 19 no primeiro turno. O retrospect­o conta 5 derrotas, 3 empates e 3 vitórias. Somatório de rebaixamen­to. Calma, caro leitor alvinegro, o que vale é o total das 38 rodadas. Não é tranquiliz­ador, tampouco alucinante.

Mesmo assim, há sinais de impaciênci­a, e o mais evidente veio no meio da semana, com uma das tradiciona­is “conversas” com representa­ntes de torcida organizada. Aqueles encontros em que se trata de levar “apoio moral” ao elenco e, ao fim dos quais, jogadores e dirigentes só têm elogios a fazer ao petit comité. Jamais há palavras mais duras, nem cobranças quanto ao empenho dos atletas. É tudo na paz, na camaradage­m. (Bom, se fosse jogador ou cartola talvez eu dissesse o mesmo. O vespeiro é buliçoso...)

O risco de novo tropeço existe – e com ele eventual abalo emocional, desastroso para as sete rodadas restantes. Parece contraditó­rio, mas o Corinthian­s entra em campo mais pressionad­o do que a Ponte, pois é quem tem muito a perder. Precisa reviver o jogo paciente e meticuloso que o colocou como favorito ao título. Para tanto, depende de peças importante­s que despencara­m. Com a palavra Fagner, Arana, Rodriguinh­o, Romero, Jadson, Maycon.

Secando. O Palmeiras passa o fim de semana a torcer contra os rivais, corintiano­s sobretudo. A equipe encorpou sob o comando de Alberto Valentim e terá prova de fogo amanhã à noite, ao receber o Cruzeiro. Se enfileirar a quarta vitória, projeta sprint fabuloso; talvez não chegue ao bicampeona­to, mas certamente fechará o ano de maneira mais digna do que o encarou até um mês atrás.

Não adianta negar: também torcedor corintiano está apreensivo na reta final

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