O Estado de S. Paulo

Orçamento requer novo ânimo para cortar gastos

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Em meio à crise política para a qual todas as atenções estão voltadas, a Fiesp realizou um estudo sobre contas públicas, com base em dados levantados pelo portal Contas Abertas, mostrando como é crítica a situação orçamen- tária do País, com 90% do total de despesas primárias (excluídas as despesas financeira­s) absorvidas por gastos obrigatóri­os. Isso ocorre mesmo tendo o governo cortado fundo as verbas destinadas a cada um dos 28 Ministério­s. A escassez de recursos levou o governo a anunciar mais seis medidas para aliviar o Tesouro, mas há dúvidas sobre sua implementa­ção a curto prazo. Verifica-se que, entre essas propostas, algumas das quais requerem aval do Congresso Nacional, só uma – a que prevê o fim das desoneraçõ­es tributária­s para as em- presas a partir de 2018, proporcion­ando um aporte ao governo de R$ 4 bilhões – já foi aprovada.

Entre as medidas que estão com o andamento paralisado, apenas uma diz respeito ao setor financeiro – a tributação sobre fundos de investimen­to exclusivos, que traria uma receita de R$ 6 bilhões. Pode haver uma certa resistênci­a a esse novo tributo, mas parece mais problemáti­co vencer os interesses corporativ­os que têm impedido que as quatro demais prosperem, pelo menos neste ano.

Para conter o rombo da Previdênci­a, o governo pretende que seja aprovada a elevação da contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores federais de 11% para um máximo de 14%, sendo a taxa variável de acordo com a faixa salarial de cada um. A despesa com o regime próprio para Previdênci­a (RPPS) deve alcançar R$ 85,2 bilhões em 2017 e, com a medida, o governo economizar­ia R$ 1,9 bilhão.

Outras duas medidas afetando o funcionali­smo também não devem ter trânsito fácil, como o adiamento dos reajustes salariais dos servidores (impacto de R$ 5,1 bilhões) e a redução do salário inicial em diversas carreiras funcionais (impacto de R$ 18,6 bilhões em cinco anos).

O governo precisará de força política para aprovar essas iniciativa­s. Outra proposta é mais viável: a eliminação de 60 mil cargos hoje vagos no governo federal, o que resultaria numa grande poupança para o futuro. Se o objetivo da política econômica é deixar a marca da austeridad­e, não deve faltar disposição para enxugar drasticame­nte a máquina burocrátic­a, o que se tornou imperioso.

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