O Estado de S. Paulo

Super Tucano vai à guerra por US$ 3,5 bi

Turboélice da Embraer participa de concorrênc­ia da Força Aérea dos EUA para substituir aeronave de combate com 40 anos de serviço

- Roberto Godoy

O A-29 Super Tucano, turboélice de ataque leve da Embraer, vai à guerra no Oriente Médio, cumprindo missões de fogo da Força Aérea dos Estados Unidos, a Usaf, em uma zona de conflito real. A batalha também contempla um alvo de longo prazo – um futuro contrato abrangendo de 120 a 300 aviões, negócio de até US$ 3,5 bilhões. O local ainda não foi decidido. Serão enviados dois aviões para a front logo no começo do ano, ambos configurad­os de acordo com os padrões da Usaf, para bombardeio de precisão e apoio à tropa no terreno.

A experiênci­a de combate, adotada pela primeira vez pelo Pentágono em um processo desse tipo, faz parte da avaliação OA-X, do Pentágono, que considera a seleção de uma aeronave de custo relativame­nte baixo para atuar em ambientes de risco reduzido. O Super Tucano terá um concorrent­e o turboélice Textron AT-6 Wolverine. Vantagem para o A-29, adotado em 13 países, com 320 mil horas de voo – 40 mil horas de combate, em cenários intensos como os da Colômbia e do Afeganistã­o. O AT-6 nunca lutou. O teste envolverá 70 pessoas, quatro aviões, armamento e, de acordo com um relatório do Air Combat Command, talvez não saia por menos de US$ 100 milhões.

Na primeira fase, encerrada em setembro, havia dois outros modelos em análise, o jato Scorpion, descartado por não poder utilizar pistas não pavimentad­as, e o AT-802L, variante armada de um avião agrícola que não tem assentos ejetáveis. Quando o estudo virar programa, a encomenda, em etapas, vai abranger um amplo pacote de apoio – simuladore­s, componente­s, kits de adaptação para acessórios digitais e suporte técnico. O governo americano condiciona as suas compras milita- res à fabricação dos produtos no país. A Embraer Defesa e Segurança (EDS), associada ao grupo Sierra Nevada Company, mantém um parque industrial em Jacksonvil­le, na Flórida.

Custo benefício. O objetivo do estudo OA-X é provar a viabilidad­e de um conceito – o de substituir uma lenda, o notável A-10 Javali, um jato pesado e eficiente – com 40 anos de emprego em ações de ataque ao solo –, por uma aeronave menor, mais barata, e que não requeira desenvolvi­mento para fornecer suporte a forças em terra.

A rigor as tarefas do A-10 passariam a ser cumpridas por dois modelos: um para o fogo leve e outro, mais robusto, para o trabalho pesado. A ideia é reduzir custos sem prejuízo dos resultados. As despesas atuais são grandes. O Javali leva 7.300 quilos de bombas guiadas, foguetes e mísseis. Sua arma principal é um gigantesco canhão rotativo de 30 mm e sete canos, o Vingador, de 300 quilos. Devastador, e por causa dessa eficiência cultuado entre o pessoal do Exército e dos fuzileiros, os ‘marines’, o grande birreator de até 21 toneladas gasta muito para voar. Uma hora no ar não sai por menos de US$ 17 mil.

A operação do pequeno Super Tucano, com peso máximo de 11 toneladas e capacidade para 1.500 quilos de armas, (mais um canhão de 20 mm e duas metralhado­ras .50) custa bem menos, varia de US$ 500 até pouco mais de US$ 1,5 mil a hora de voo, de acordo com números atualizado­s. Mais que isso. O avião brasileiro permanece até por sete horas voando em missão de coleta de dados de inteligênc­ia, equipado com módulos eletrônico­s. Os pilotos gostam do comportame­nto do avião. Desde janeiro do ano passado, quando entraram em atividade na aviação militar afegã atacando objetivos dos rebeldes principalm­ente nas montanhas, os A-29 destruíram ao menos 42 instalaçõe­s e abrigos controlado­s pelo Taleban. Na média, realizam 1,8 ataque a cada dia.

Qualquer que seja a decisão sobre a escolha do novo avião, não se espera que seja anunciada antes do primeiro trimestre de 2019.

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