O Estado de S. Paulo

Diretor chileno prepara final de trilogia nos Andes

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• O Botão de Pérola é o filme do meio de uma trilogia. O primeiro é Nostalgia da Luz, e o terceiro, ainda em processo de filmagem, volta-se para a Cordilheir­a dos Andes. Os três fazem parte da fase mais madura de Patricio Guzmán. Ele não usa o “cinema direto” como em A Batalha do Chile ou os personagen­s da história recente de seu país, como em O Caso Pinochet (2001) ou Salvador Allende (2004).

No entanto, esses ensaios poéticos enraízam-se, embora por outras vias, na tragédia política chilena. Em Nostalgia da

Luz (2010), Guzmán vai ao deserto de Atacama, onde estão os maiores observatór­ios do mundo, mas também os restos de muitos “desapareci­dos” durante a ditadura.

Em O Botão de Pérola (2015) vai em busca das águas do seu país de litoral imenso. Essas águas escondem dois mistérios, o do índio que se vendeu por um botão de pérola e o de outro botão de camisa, último vestígio este de uma pessoa assassinad­a pela ditadura, cujo corpo foi jogado ao mar. Nesse arco poético e macabro, fala do genocídio dos indígenas e dos crimes da ditadura.

O que nos reservará Guzmán em Cordilheir­a dos Andes, ou que outro título tenha o fecho da trilogia quando terminada? Que outros encantos e achados poéticos, que outros restos da brutalidad­e humana se escondem sob as neves andinas? / L.Z.O.

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