De carreiras e da geração X
Encerrei o último artigo, em que falei sobre o devir, os formatos de carreira e as questões geracionais, com uma breve menção a respeito do que representou a afluência da geração X para o mercado de trabalho e seu impacto para a necessária mudança de foco nos formatos antigos da trajetória profissional para novos formatos.
Que não tenhamos nenhuma dúvida: essas mudanças não saíram da cabeça de iluminados, pensadores da área de gestão de pessoas, como uma dádiva. As mudanças aconteceram, como sempre, em virtude das demandas dos profissionais que já estavam começando a “governar” as organizações.
Como foi dito no artigo anterior, o conceito de carreira antes da prevalência da geração X (nascidos entre 1964 e 1978), era organizacional. Car-
reiras estáveis e hierárquicas. E a “proprietária” delas eram as empresas.
Sinônimos. Além disso, um fato a ser considerado é que essa “carreira” tinha como um de seus pressupostos a ascensão do indivíduo em uma mesma organização. Emprego e carreira, nesse modelo, são elementos quase sinônimos.
A partir de meados dos anos 1980, começa-se a falar de outras formas que as carreiras poderiam tomar. De maneira um tanto incipiente, ainda, pois será na década de 1990 que os conceitos vão ser delineados mais profundamente, surgem as ideias de “carreiras sem fronteiras” e “carreiras proteanas”.
Os dois modelos, que se diferenciam sutilmente, tiram da empresa a “propriedade” da carreira e a coloca nas mãos dos indivíduos. Estes, portanto, passam a ter a responsabilidade pela gestão de suas trajetórias. E, seguramente, não mais dentro de uma mesma organização.
Estamos falando aqui de geração X, que inaugura uma certa “deslealdade” com as organizações, e não vai aqui nenhum juízo de valor. Se con-
textualizarmos adequadamente, pode-se concluir que ao se falar em década de 1980, e certamente a de 1990, está se falando também em grandes crises na economia.
Demissões. Crises que provocaram, seguidamente, demissões para os pais dos membros da geração X, e para muitos deles também... Parafraseando Game of Thrones: “O norte nunca esquece...”.
O assunto continua vasto e prometo no próximo artigo explorar os conceitos dos novos modelos de carreira que se mostraram adequados à geração X e também para millennials.