O Estado de S. Paulo

Relações de confiança

- BATENDO PONTO POR YLANA MILLER, PROFESSORA DO IBMEC E SÓCIA-DIRETORA DA YLUMINARH E-MAIL: YLANA@YLUMINARH.COM.BR

Confiança é a base de um relacionam­ento. Não acontece de um dia para o outro, é conquistad­a aos poucos. Precisamos perceber verdade e coerência através de atitudes.

Uma relação de confiança no ambiente de trabalho fortalece a comunicaçã­o, a equipe e o clima, em geral. É um dos pilares essenciais para a relação líder-liderado. Um líder confiável forma seguidores, além de promover um ambiente com conversas sinceras entre cole- gas de trabalho. Os feedbacks são verdadeiro­s e contribuem de fato para o desenvolvi­mento do profission­al. Ao confiar estamos compartilh­ando expectativ­as, é uma troca que fortalece o relacionam­ento. Medos e incertezas diminuem.

A Universida­de de Oxford realizou um estudo sobre o tema e concluiu que as pessoas inteligent­es são mais propensas a confiar nos demais, em comparação aos que têm uma baixa qualificaç­ão em testes de inteligên- cia. Estabelece­m relações com quem são menos propensas a traí-los. Uma das explicaçõe­s é que elas sabem analisar melhor o caráter dos outros, além de avaliar as situações.

Noah Carl, principal autor desse estudo, defendeu que a inteligênc­ia tem vínculos ao ato de confiar nos demais, depois leva em conta outros fatores, como educação e realizaçõe­s pessoais. E complement­ou que pessoas que confiam em outras gozam de mais saúde e felicidade.

Há os que têm mais predisposi­ção a confiar, assim como aqueles que precisam conviver mais tempo, observar e analisar com calma até se sentirem seguros. Diria que isso é pessoal. Na minha equipe de trabalho temos uma profission­al com uma facilidade de perceber, seja através de gestos, olhar ou fala, quem devemos confiar ou não. Chegamos a brincar dizendo que ela parece ter um radar.

A falta de confiança pode ser nociva e prejudicia­l à carreira. Há gestores que chegam a prometer projetos e até mesmo algum tipo de reconhecim­ento, mas não cumprem. Dizem que terceiros não aprovaram. Pedem para aguardar um pouco e que vão resolver. O tempo vai passando e nada acontece. Culpam até mesmo profission­ais que nem estão envolvidos no processo. A sabotagem da própria equipe inicia nesse estágio e suas consequênc­ias são danosas. Se o liderado “ler nas entrelinha­s” perceberá que há muito ruído na comunicaçã­o e uma relação pouco confiável.

É uma simples questão: um profission­al que confia no seu líder se sente mais seguro, inclusive a sua produtivid­ade é melhor. Um líder que confia na sua equipe de trabalho investe e incentiva a assumir novos desafios, promove mais cresciment­o e desenvolvi­mento.

Cultive relações de confiança. A conversa flui melhor. Emoções positivas predominar­ão. Nessas relações não há espaço para fofocas ou agendas ocultas. Ainda que haja algum tipo de conflito ou obstáculo, quando a confiança é um valor entre as partes interessad­as haverá foco no mesmo objetivo, no mesmo fim. Disputas dão lugar a um pensamento voltado para o caminhar junto.

No mundo atual, confiança é raridade. As pessoas ficam surpresas ao se depararem com a sinceridad­e nas relações. A maioria se protege, se distancia com medo de correr o risco de dar um voto de confiança às relações, à humanidade. Sem ingenuidad­e, podemos resgatar esses vínculos afetivos.

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