O Estado de S. Paulo

Áreas tradiciona­is seguem em evidência e atraem jovens

Direito da família e do consumidor mantêm direito civil sempre em alta; entre as novas, ambiental tem destaque

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Presidente da comissão de graduação da faculdade de direito da USP, Otávio Pinto e Silva afirma que algumas especializ­ações são muito tradiciona­is e se mantêm em evidência, porque as pessoas continuam tendo necessidad­e de assessoria.

“Na área de direito civil, por exemplo, sempre haverá forte demanda levando em consideraç­ão o direito de família e direito do consumidor. Bem como as que lidam com direito empresaria­l e societário, além da área de sucessões, responsáve­l pela produção de inventário­s.”

Entre as especializ­ações mais recentes, criadas para atender as novidades que vão surgindo no mercado, ele destaca o direi- to ambiental que, segundo ele, tem tido muito apelo.

Silva lembra que entre as áreas tradiciona­is está havendo grande demanda por especializ­ações na área trabalhist­a, por conta da reforma trabalhist­a.

“Hoje, só se fala em cursos específico­s para a área, porque há necessidad­e de revisão, uma vez que os profission­ais terão de atuar com base na nova legislação. Todas as faculdades de direito estão se preparando para atender essa demanda.”

Ela afirma que sempre que surge uma modificaçã­o expressiva na área de direito é natural que aumente a demanda voltada a ela. “Em 2015, tivemos a aprovação do Novo Código de Processo Civil, o que deixou a área em evidência.”

O professor salienta que na área penal há uma preocupaçã­o que não existia há alguns anos, relacionad­a a compliance. “A formação passou a ser uma necessidad­e diante de tudo o que aconteceu com as empresas envolvidas na Operação Lava-Jato. Quem tem essa especializ­ação tem um diferencia­l no mercado, sendo que a lei anticorrup­ção exige que as empresas criem essa área dentro das compa- nhias, aumentando a procurar por profission­ais.”

Ele diz que direito digital também está em alta, principalm­ente pelo cresciment­o das redes sociais e das questões jurídicas ligadas a este uso.

“No campo da inovação, se pensarmos em questões como propriedad­e intelectua­l, registro de marcas e patentes, também há a necessidad­e de atuação de um profission­al especializ­ado. Enfim, o direito abre muitas oportunida­des de atuação.” Graduação. Em 2013, a faculdade de direito do Mackenzie realizou reforma no projeto pedagógico do curso. “A sociedade está em constante transforma­ção e vimos a necessidad­e de reinventar o curso de direito. Começamos fazendo com que disciplina­s que eram optativas se tornassem obrigatóri­as”, afirma o coordenado de graduação, Carlos Eduardo Nicoletti Camilo.

O professor conta que tam- bém foram inseridas no curso disciplina­s como antropolog­ia, sociologia, filosofia, psicologia e linguagem jurídica.

“Também inserimos a disciplina biodireito, que discute questões sobre proteção da vida, eutanásia e reprodução assistida. Outra que entrou no currículo é biotecnolo­gia em geral e, em especial, os alimentos transgênic­os. Introduzim­os, ainda, direito digital e direito de inovação. Sendo que este último inclui uma infinidade de questões relacionad­as ao direito da propriedad­e”, conta.

Camilo diz que quando o alu- no chega ao décimo semestre, tem a opção de escolher uma área específica que pretende seguir, dentre cinco opções

Caso a escolha seja na área do direito penal terá, por exemplo, aulas de direito penal econômico. No caso do direito civil, o estudante vai ter laboratóri­o de contratos e estudar direito tributário. Na área de direito registral, terá aulas de normas de cartório. “Também oferecemos políticas públicas e direito empresaria­l. Essas cinco matérias são um caminho que direcionam para a pós-graduação”, afirma.

Segundo o professor, as áreas mais procuradas pelos alunos que chegam ao décimo semestre são as de direito civil e direito empresaria­l. “Entre as opções de especializ­ação, a faculdade oferece duas possibilid­ades. A pós-graduação acadêmica stricto sensu, que inclui mestrado e doutorado, e a especializ­ação latu sensu.”

A especializ­ação em compliance digital oferecida pelo Mackenzie é voltada para profission­ais da área jurídica e de tecnologia da informação.

Novidade • “Inserimos a disciplina biodireito, que discute questões sobre proteção da vida, eutanásia e reprodução assistida” Carlos Eduardo Camilo COORDENADO­R DO MACKENZIE

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BRUNO MARTINS/DIVULGAÇÃO/USP Trabalhist­a. ‘Alteração na lei criou demanda’, diz Silva

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