A união faz a venda
Cresce o número de eventos que reúnem pequenos produtores de diversos segmentos; iniciativas lançam marcas e impulsionam negócios
Pequenos produtores de moda,
arte, decoração e bem-estar, do Rio e São Paulo, se juntam em coletivos para divulgar suas criações, vender e conseguir fidelizar clientes
A paixão por produtos artesanais tem sido o ponto de partida para a criação de eventos denominados ‘coletivos’, nos quais pequenos produtores encontram apoio para vender e divulgar suas marcas.
Há cinco anos, a empresária Tatiana Aciolli organizou o primeiro evento do Coletivo Carandaí 25, na sala de sua casa, com 15 expositores. Atualmente, realiza três edições por ano no Rio de Janeiro e tem no portfólio 170 marcas.
“A cada evento, seleciono 50 participantes, em esquema de rodízio. Nossa sede atual é na Casa Rosa da Gávea, que tem oito mil metros quadrados.” Mensalmente, ela ainda organiza cursos de formação empreendedora em parceria com o Sebrae, para capacitar esse público.
“Estamos alavancando esses negócios. Também mantemos uma loja fixa de 300 metros quadrados no shopping RioSul, na qual, ao longo de dois meses, 25 marcas deixam produtos expostos, fazendo rodízio entre elas.
Tatiana afirma que a partir dessas iniciativas os pequenos negócios começam a crescer. “Tivemos aumento de 30% das marcas abrindo loja, mesmo nesse período de crise estamos colocando novos talentos no mercado”, conta.
Sua receita vem da cobrança de taxa por estande. “Essa verba também é usada para entregar o evento todo padronizado, decorado e com serviços de limpeza e manobrista.”
Ela diz que a partir deste ano fechou parceria com Cris Rosenbaum, que faz curadoria de marcas de design e organiza a Feira Rosenbaum, na capital paulista. “Como sou formada em moda e ela entende muito de designer, unimos nossas forças. Ela traz produtores de design para participarem do Coletivo Carandaí 25 e eu levo 30 produtores de moda à Feira Rosembaum, em São Paulo. Inclusive, neste domingo (29), estaremos encerrando uma mostra no museu A Casa, em Pinheiros.”
A Feira Rosenbaum também o corre há cinco anos. “Sempre trabalhei com moda e bijuterias e pensei em criar o coletivo para tirar os artistas que eu conhecia de seus ateliês. Com o tempo, ganhamos corpo”, diz a organizadora, Cris Rosenbaum.
A cada evento, ela apresenta 40 marcas. “Mas poderia incluir muitas outras, porque há muito trabalho bonito no mercado, mas acho que a feria precisa ter um limite, para não ficar congestionada. Em quatro dias de evento, costumamos ter cinco mil visitantes.”
Cris também cobra taxa por estande, que usa para pagar som ao vivo, motorista, água, café e limpeza. “É uma estrutura enorme. Fica quase impossível ganhar dinheiro, porque faço tudo muito bem feito. O mais legal é dar essa oportunidade para os artesãos, principalmente os que vêm de fora de São Paulo. O incentivo ao pequeno artista é o que me dá prazer.”
A organizadora conta que a cada evento apresenta 20 artistas novos, mas mantém 15 artistas fixos, que participam desde o início da feira e lançam novas coleções a cada evento.
Entre eles está Paola Muller, que trabalha com tricô há mais de 20 anos e há três criou a marca que leva seu nome. “Trabalho com tricô manual e tecnológico, utilizando máquina de alta tecnologia japonesa chamada Shina, que possibilita inúmeras produções de estampas.”
A artista faz desde sapatos de tricô, passando por mantas e almofadas, até revestimentos de mobiliário. “A feira me abriu muitas portas e me lançou no mercado. Gosto muito da proposta de divulgar o pequeno produtor e incentivar o design brasileiro.”
Cris conta que neste ano já promoveu quatro eventos em São Paulo e dois no Rio de Janeiro, em parceria com o Coletivo Carandaí 25, para onde voltará em novembro.
“Também fomos à Curitiba e já estivemos em Belo Horizonte e Goiânia. No ano que vem, espero ir a Recife.”
A empresária também faz trabalho de apoio aos índios do Amazonas e Pará, comercializando peças produzidas por eles. “Além disso, apoio o Migraflix, projeto voltado a refugiados e imigrantes. As africanas, por exemplo, vendem tecidos e ensinam a fazer turbantes, enquanto os árabes comercializam comidas típicas.”
A artista Deia Martins conta que produz acessórios e tinha dificuldade de participar de feiras, por falta de verba. “Como tenho muitos amigos que também empreendem e passam pela mesma dificuldade, resolvi organizar uma feira para dar oportunidade a todos.”
A primeira edição da Mixtura Criativa, realizada em julho, reuniu 40 expositores e atraiu 500 visitantes. “Deu muito certo e todos os expositores ficaram muito gratos e entusiasmados. Por isso, organizei novas edições em agosto e setembro. A próxima será nos dias 11 e 12 de novembro, sempre no espaço Ibira Food Square, em São Paulo”, conta.
Além de fazer a curadoria, Deia gosta de conhecer a história de cada expositor. A receita da empreendedora vem da cobrança pelos estandes e do bar que monta no local. Hoje, vive exclusivamente do evento.