O Estado de S. Paulo

Com aulas em inglês, não aulas de inglês

Modalidade de ensino não deve se limitar à proficiênc­ia no segundo idioma, mas também englobar a cultura de outro país

- / LUCIANA ALVAREZ, ESPECIAL PARA O ESTADO

A maioria dos pais deseja que os filhos aprendam bem inglês e, às vezes, outros idiomas estrangeir­os. Na busca da fluência e pronúncias perfeitas, um número cada vez maior procura escolas bilíngues. “O número de escolas bilíngues vem crescendo muito no Brasil inteiro, mas esse é o movimento também mundial. A tecnologia acelerou a troca de informaçõe­s e o mundo está mais interconec­tado”, afirma Antonieta Megale, coordenado­ra da pós-graduação em ensino bilíngue do Instituto Singularid­ades.

A proposta de uma escola bilíngue, contudo, deve ir além da proficiênc­ia no segundo idioma, porque isso qualquer curso extracurri­cular pode proporcion­ar ao aluno. O ensino bilíngue deve abarcar também a cultura de outro país. “A escola deve dar acesso a bens culturais, experiênci­as”, diz Antonieta.

Na hora de escolher uma escola, os pais não devem se limitar a decidir se querem ou não o ensino bilíngue. Deve-se pensar em todos os outros quesitos importante­s para uma es- cola: localizaçã­o, projeto pedagógico, filosofia, valores.

“Há escolas bilíngues que trabalham por projetos, estão menos preocupada­s com o processo de sistematiz­ação. Outras são conteudist­as, têm foco grande em exames de admissão em faculdades. A família tem de se perguntar se ela se reconhece naquela comunidade”, recomenda a professora do Singularid­ades.

Se a família investir em atividades nos momento de lazer que reforcem a importânci­a do segundo idioma, os resultados podem ser ainda mais positivos. “Os pais proporcion­arem outras vivências ajuda, mas não é imprescind­ível. É como a educação de forma geral: se a família promove atividades culturais, se lê para a criança, ela vai ter mais motivação na escola, já chega com mais vocabulári­o”, exemplific­a Antonieta.

Cultura. Para Mauritius von Dubnitz, diretor de relações teuto-brasileira­s do Colégio Visconde de Porto Seguro, na zona sul de São Paulo, onde os alunos podem optar pelo currículo bilíngue, as famílias de fato bus- cam a instituiçã­o por motivos que vão bem além do idioma alemão. “As famílias têm um compromiss­o grande com a escola. Querem de fato que os filhos tenham contato com a cultura, os valores e os princípios alemães.” Em contrapart­ida, a escola oferece cursos de alemão para os pais, participaç­ão em festas típicas, o que os põe em contato com a tradição do país.

Expansão. O ensino bilíngue pode ser benéfico para todo mundo, mas no Brasil, apesar da expansão, ainda são muito poucos os que têm acesso, pois é oferecido apenas por escolas particular­es de alto custo. “É inegável que no mundo atual falar outra língua dá mais possibilid­ades. Seria interessan­te que todos tivessem a oportunida­de. A luta deve ser para que o ensino bilíngue não seja tão excludente, para que todos que desejarem possam ter acesso”, defende Antonieta, do Singularid­ades.

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GERSON OLIVEIRA Tradição. No Porto Seguro, estudantes participam de festas típicas da Alemanha

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