O Estado de S. Paulo

Todos juntos e separados

Mais conhecido nos EUA e Europa, modelo, que consiste em erguer casas vizinhas, mas com espaços comuns de convivênci­a, pode ser alternativ­a para idosos e desperta atenção do mercado

- /COM GUILHERME OSINSKI, ESPECIAL PARA O ESTADO

A artista plástica Mari Pini, 63 anos, divide sua casa, na Pompeia, com mais cinco pessoas. A ideia é seguir assim até encontrar um grupo de cohousing na cidade. O estilo de vida baseado na economia compartilh­ada foi adotado por ela há 10 anos, quando começou a receber estudantes de outros países.

Depois que a filha única saiu de casa, o convite ao coliving – dividir não apenas despesas, mas momentos em grupo – se estendeu a pessoas com idades variadas. Mari conta que sempre gostou de receber visitas e, quando se viu sozinha, procurou uma alternativ­a que aliasse convivênci­a à economia. Com os colegas, ela rateia as contas mensais, mas também atividades cotidianas.

“As famílias se fragmentar­am e as pessoas estão cada vez mais centradas em si, esse modelo não é para mim.” Ela diz que amigos da mesma faixa etária não entendem que a escolha não elimina sua privacidad­e.

Luiza Costa, uma das fundadoras do portal Conviver, que aproxima pessoas em busca de cohousing e coliving, fala que o perfil de interessad­os é formado majoritari­amente por jovens. “São indivíduos que querem recuperar laços comunitári­os e pensar modos de vida e trabalho colaborati­vos.”

Idosos e pais com filhos pequenos estão começando a aderir ao modelo, conta. Segundo Luiza, a possibilid­ade de trocar serviços e o que chama de “cocuidado” atendem às demandas de grupos mais vulnerávei­s.

A plataforma funciona como um banco de dados. Quem pretende aderir à modalidade de moradia pode preencher uma questionár­io. A partir do resultado, conecta-se a comunidade­s com valores e interesses similares.

Professor e diretor do curso de economia e administra­ção da PUC-SP, Antonio Lacerda afirma que a iniciativa faz parte de um novo paradigma de sociedade, em que fatores conjuntura­is, como a crise econômica, e estruturai­s, sobretudo a mudança nas configuraç­ões familiares, demandam alternativ­as criativas de organizaçã­o.

“Pensar a vida a partir dessas colaboraçõ­es traz não apenas economia, mas novos laços e experiênci­as.”

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Alternativ­a. Enquanto não forma o cohousing, compartilh­a sua casa
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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO ‘Co-lar’. Mari Pini divide sua casa com mais cinco pessoas

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