O Estado de S. Paulo

Agência de intercâmbi­o diversific­a e se fortalece

STB vai além do público jovem ao criar novos programas

- / CLÁUDIO MARQUES

José Carlos Hauer Santos Junior comprou a agência de viagens estudantis Student Travale Bureau (STB) em 1986, que havia sido fundada em 1971. Desde então, pilotou várias mudanças que deram nova face ao empreendim­ento: expandiu o negócio com lojas próprias e licenciada­s – 60 no total, sendo 18 próprias, em 45 cidades brasileira­s e duas no exterior– e diversific­ou os serviços ao identifica­r tendências e novas demandas do mercado.

O empresário comprou a empresa pagando com trabalho. “Eu paguei a vaca com o dinheiro da vaca. O acordo (com o vendedor)

foi ‘eu não tenho dinheiro, eu tenho trabalho. Você fica mais dois anos (como sócio), vai ganhar dinheiro. O que eu receber, lhe pago. Se não der, pago nos anos seguintes.”

Hauer já trabalhava com turismo. Primeiro, na empresa do tio, onde entrou como office boy e depois se tornou auxiliar administra­tivo. E, posteriorm­ente, na própria empresa, que tinha como clientes os colegas da faculdade onde estudava.

“Quando comprei o STB (depois de ter fechado sua agência ), era uma época muito complicada, o Brasil não tinha direito a transferir numerário, não havia cartão de crédito internacio­nal, existiam umas regras malucas”, conta ele, lembrando que as empresas do setor de turismo não eram profission­alizadas. Foi nesse período que o Brasil passou a enviar mais fortemente grupos de estudantes para fora, então o principal negócio do STB. “Eram meramente grupos de escolas, ou meninos que iam fazer intercâmbi­o, o high school, mais nos Estados Unidos.”

“A empresa tinha a área de educação, de trabalho no exterior, concessão de carteira internacio­nal de estudante, área de seguro viagem, que é específico para o seguimento, e aí começamos a abrir outras lojas.”

Hauer diz que a empresa sempre buscou novidades. “Há 10 anos temos o recrutamen­to de meninos que trabalham na Disney. Isso é exclusivo do STB. Só para lá mandamos 1.000 por ano. Também são exclusivos a carteira internacio­nal de estudante, o seguro leasing, assim como são as duas empresas de viagens para estudantes que temos no exterior (Austrália e Irlanda).”

Com as mudanças no segmento, as serviços também mudaram. Ele diz que hoje o trabalho da empresa é mais de consultori­a, avaliar o perfil do cliente e oferecer o produto mais adequado para ele. “Ainda vendemos Europass, por exemplo, e a carteira internacio­nal de estudante. Mas coisas que se tornaram commoditie­s, como por exemplo, passagens aéreas, não são atraentes. Vendíamos muitas passagens, porque era parte do trabalho que tínhamos, mas com margem de 20%. Hoje, se vende passagem aérea com margem de 1%, 1,5%.”

Aí entram os produtos específico­s e exclusivos. “Há muita gente que cansou da Disney e procura programa para fazer com a família (e a empresa cria um). “Há um programa que somente nós fazemos, que é para alunos de engenharia, arquitetur­a visitarem fábricas na Europa, da Airbus e Porsche. Existem programas hoje que antigament­e não havia. É nisso que estamos focando.”

O empresário dá outros exemplos. “Há workshops em culinária, cursos de fotografia, etc. Todos no exterior. São cursos que são um pouco mais caros e que pessoas mais maduras, e até jovens, têm interesse em fazer em vez de ir só passear em um determinad­o lugar. Há programas para executivos de três meses nas universida­des da Califórnia, Nova York ou Columbia. Outro dia, mandamos 12 meninos para a Universida­de de Cambridge, na Inglaterra, para terem aula de empreended­orismo. Então, saímos um pouco de Student Traval Bureau, somos STB Educação Internacio­nal. É mais ou menos isso.”

Hauer afirma que não vende produtos de baixa qualidade, que tem um público classe A e entrega o que vende. Conta que também sentiu os efeitos da recessão. “Com a crise, a partir de 2014, 2015, houve uma queda assustador­a, tanto que chegamos a fechar quase 10 lojas nesse período. O faturament­o caiu. Chegamos a mandar 40 mil estudantes para o exterior. Mas, agora, a curva está revertendo.” Sua previsão é fechar o ano tendo enviado 30 mil estudantes para o exterior.

Mudança • “Coisas que se tornaram commoditie­s como, por exemplo, passagens aéreas, não são atraentes” José Carlos Hauer Santos Jr. PRESIDENTE DO STB

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

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