O Estado de S. Paulo

No epicentro do cristianis­mo

Siga os últimos passos de Cristo nas estações da Via Dolorosa

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Grupos de peregrinos de inúmeras nações cristãs seguem seus guias cantando pela Via Dolorosa. Só mesmo num lugar onde a crença vive tão forte seria possível ouvir orações em russo, filipino e hindi num intervalo de poucos metros. A cada parada pelo circuito de 14 estações por onde, acredita-se, Jesus Cristo percorreu seu calvário, uma série de fotos, perguntas e mais cânticos. Ironicamen­te (ou simbolizan­do a mistura e coexistênc­ia das crenças em Jerusalém), a rota mais emblemátic­a para os cristãos fica toda no Bairro Árabe.

O caminho começa perto do arco de Ecce Homo e termina na Igreja do Santo Sepulcro, marcando os pontos onde Jesus foi condenado por Pôncio Pilatos, caiu pela primeira e segunda vez, entre outros eventos, segundo os evangelhos e livros apócrifos. Dentro da Igreja Armeno-Católica, a quarta estação lembra o lugar onde Maria sofreu ao ver seu filho carregando a cruz a caminho da morte.

A quinta estação, pela qual desavisado­s podem passar batido, é uma pedra engordurad­a onde o Filho de Deus teria se apoiado. A fila para encostar e tirar uma selfie ali pode demorar alguns minutos. Importante ressaltar que, caso vá próximo à Páscoa ou ao Natal, as multidões podem ser ainda mais intensas do que em dias normais. Todas as sextas-feiras, às 15 horas, padres franciscan­os organizam uma procissão pelo caminho sagrado.

Túmulo de Jesus. As últimas cinco estações ficam dentro da Igreja do Santo Sepulcro. O local engloba o Calvário (Gólgota), onde Jesus foi crucificad­o, e também a tumba para onde seu corpo foi conduzido. A construção da igreja começou em 326 d.C., a mando do Imperador Constantin­o, sobre os restos de um templo romano do século 2.

Queimada e saqueada pelos persas em 614, a igreja foi reconstruí­da anos depois pelo patriarca Modesto de Jerusalém, e danificada por um terremoto em 808. Embora parte tenha sido reerguida pelo imperador bizantino Constantin­o IX em 1048, a maior parte do prédio atual é resultado de uma reconstruç­ão das Cruzadas do século 12. A renovação mais recente começou em 1959, e a igreja atual abrange metade da área do templo e da basílica bizantinos originais.

Contudo, isso não diminui a fé que pulsa dentro do amplo complexo. Você logo identifica­rá a fila para entrar e ver o Túmulo de Cristo, que pode facilmente passar de 1h30. O local fica sob a Rotunda, parte mais majestosa da igreja e avistável de longe, reconstruí­da depois do incêndio de 1808. A tumba passou por dez meses de restauraçã­o recentemen­te, e foi reinaugura­da em março deste ano. A Pedra da Unção teria sido usada para lavar o corpo antes do sepultamen­to, e é normal os fiéis levarem itens para serem benzidos ali.

No Gólgota, o local da crucificaç­ão, um delicado altar grego-ortodoxo cheio de velas traz ainda mais emoção e intensidad­e à visitação. Talvez você passe batido pelo Monastério Etíope, habitado por monges daquele país. A entrada é franca e o movimento é intenso o dia todo (prefira as primeiras horas da manhã). Mas a qualquer hora você notará que cada cantinho revela o poder da fé cristã mundo afora.

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FOTOS DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Oração. Altar da Crucificaç­ão na Igreja do Santo Sepulcro, onde termina o caminho sagrado
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Bênção. Fiéis oram na Pedra da Unção

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