O Estado de S. Paulo

Emendas ao projeto de reoneração preocupam governo

Foram 85 emendas apresentad­as pelos parlamenta­res e maioria mantém benefício a mais setores da economia

- Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, admitiu ontem que a grande quantidade de modificaçõ­es propostas ao projeto de lei da reoneração da folha de pagamento preocupa o governo. Os parlamenta­res apresentar­am até agora 85 emendas e a maioria estipula a manutenção do benefício tributário a mais setores da economia, o que levaria a um grande impacto nas contas públicas do próximo ano.

“Estamos buscando a reversão do modelo de desoneraçã­o criado em 2011 que concede benefícios para poucos contribuin­tes e reduz a arrecadaçã­o previdenci­ária”, disse Rachid após audiência pública na comissão especial do projeto na Câmara dos Deputados.

A nova tentativa do governo de acabar com a desoneraçã­o da folha de pagamentos já conta com as mesmas emendas que levaram o governo a desistir da MP 774, em agosto, pouco antes de ela caducar.

Das 85 propostas de alteração apresentad­as ao projeto, a maioria está diretament­e relacionad­a ao lobby de setores da indústria e de serviços que desejam manter a desoneraçã­o. E o relator do PL, deputado Orlando Silva (PcdoB-SP), adiantou ontem que seu parecer ficará bastante diferente do texto original, enviado pelo governo no começo de setembro.

Texto original. Questionad­o se a Receita recomendar­á que o presidente Michel Temer vete a manutenção da desoneraçã­o para setores que forem incluídos no projeto pelo Congresso, Rachid disse que o Fisco ainda tentará convencer os parlamenta­res a aprovarem o texto original. “Temos todos os argumentos necessário­s para isso”, afirmou.

Rachid também criticou o relatório da Medida Provisória (MP) 793, que cria o parcelamen­to do Fundo de Assistênci­a ao Trabalhado­r Rural (Funrural). O parecer da deputada Tereza Cristina (PSB-MS) elevou os descontos concedidos aos devedores e reduziu de 4% para 2,5% o total do débito que precisa ser pago ainda em 2017, como entrada.

“Do jeito que ficou, o relatório do Funrural concede um perdão quase integral. Lá na frente, os trabalhado­res rurais irão precisar receber o benefício. A conta não fecha.”

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FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL MP 793. Rachid critica também parcelamen­to do Funrural

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