Ela partiu e só então ele percebeu que em lugar de “até amanhã” ela tinha dito “adeus”.
Além de Wagner Schwartz, que fez performance nu no MAM, o curador de ‘Queermuseu’, Gaudêncio Fidélis, também deverá prestar depoimento
A Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) dos MausTratos no Senado aprovou em sua última sessão, na quartafeira, 8, o pedido para que sejam levados para depoimento, em condução coercitiva, o artista Wagner Schwartz e o curador da exposição Queermuseu, Gaudêncio Fidélis.
Schwartz é o artista que fez a polêmica performance La Bête, em que ele estava nu e o público podia tocar em seu corpo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), em setembro. Na ocasião, uma criança, que estava ao lado da mãe, tocou em sua perna e em sua mão, situação que foi filmada por presentes e que viralizou na internet, causando diversos protestos. Já Fidélis foi o curador responsável pela também polêmica exposição Queermuseu, cancelada pelo Santander em Porto Alegre, após críticas nas redes sociais por suposto retrato de pedofilia e zoofilia em algumas das obras selecionadas.
O autor dos pedidos de condução coercitiva foi o presidente da CPI, o senador Magno Malta (PR-ES). De acordo com ele, Wagner Schwartz e Gaudêncio Fidélis foram convocados pelo colegiado para depoimento, mas não compareceram. Segundo o site oficial do Senado, a CPI ainda decidiu criar um grupo de trabalho com integrantes do Ministério da Justiça, da Polícia Federal e da Safernet. A finalidade da Comissão é “investigar as irregularidades e os crimes relacionados aos maus-tratos em crianças e adolescentes no País”.
Em entrevista ao Estado na tarde desta quinta, 9, o curador da Queermuseu, Gaudêncio Fidélis, criticou a CPI dos Maustratos do Senado. “Esta CPI é um verdadeiro circo midiático. Tudo migrou para dentro desta comissão. Na verdade, o objetivo inicial desta CPI era a investigação de maus-tratos a crianças e adolescentes, e, quando a Queermuseu foi interditada, o senador Magno Malta começou a fazer uma série de convocações. Ele convocou uma professora que mostrou o catálogo da exposição Queermuseu em sala de aula para os alunos, e ainda acusou de pedofilia. Também convocou a mim e várias outras pessoas”, afirmou Gaudêncio.
No ponto de vista do curador, a convocatória para depor na CPI está fora dos procedimentos, pois o senador Magno Malta insiste em criminalizar a produção artística e os artistas no geral. “Na verdade, não vejo esta intimação direcionada a mim, mas, sim, ao que eu represento, como curador da exposição e membro da comunidade artística.” Procurado pelo Estado, o artista Wagner Schwartz não quis comentar. Classificação etária. Na terça, 7, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) alterou a classificação etária da mostra Histórias da Sexualidade, permitindo a entrada de menores de 18 anos, desde que acompanhados dos pais ou responsáveis. A decisão, que gerou dúvidas por causa de uma portaria do Ministério da Justiça, foi baseada na nota técnica do Ministério Público que orientou o Masp “tendo em vista tratar-se de uma manifestação que vai ao encontro do desejo do museu de possibilitar um acesso amplo e democrático a suas exposições”, informou ontem, 9, a diretora de relações institucionais do museu, Juliana Sá, ao Estado