O Estado de S. Paulo

FHC sugere Alckmin para conter crise

Partidos. Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende ‘restabelec­imento da coesão’ na sigla e diz que Goldman deve ‘criar condições’ para líderes como o governador de SP

- Pedro Venceslau Elisa Clavery

O ex-presidente defendeu que o governador de São Paulo assuma uma “posição central no partido”. A mensagem, publicada em uma rede social, fortalece a tese de que Geraldo Alckmin, cotado para disputar o Planalto pelo PSDB, assuma também a presidênci­a da sigla, que sofre a sua pior crise. A alternativ­a tem respaldo de outros nomes do partido.

Um dia depois de o senador Aécio Neves (MG) destituir Tasso Jereissati (CE) da presidênci­a interina do PSDB e deflagrar a maior crise da história do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem publicamen­te uma posição “central” para o governador Geraldo Alckmin na legenda.

FHC se posicionou após conversar com Alckmin na noite de anteontem sobre o acirrament­o da disputa entre Tasso e o governador de Goiás, Marconi Perillo, na disputa pela presidênci­a da sigla.

“Acredito que o restabelec­imento da coesão, com tolerância à variabilid­ade das opiniões internas, mas também com firmeza de propósitos, requer que o presidente designado do PSDB, Alberto Goldman, crie condições para que líderes experiente­s e respeitado­s, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumam posição central no partido”, escreveu o ex-presidente em sua página no Facebook.

Na mesma postagem, porém, FHC afirmou que vai apoiar Tasso caso os tucanos não entrem em um acordo até a convenção nacional, marcada para o dia 9 de dezembro. “Se porventura tal convergênc­ia não se concretiza­r, o que porá em risco as chances do PSDB, já disse que apoiarei a candidatur­a do senador Tasso Jereissati à presidênci­a do partido”, escreveu.

A mensagem do ex-presidente, que mantém grande influência na sigla, fortaleceu a tese de que Alckmin, o mais cotado para disputar o Palácio do Planalto pelo PSDB em 2018, assuma também o comando da legenda, como fez Aécio Neves na eleição de 2014.

“Nesse momento existem dois candidatos em disputa, mas é muito provável que Geraldo Alckmin seja uma alternativ­a”, disse o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela.

Aliados do governador estão em campanha para que ele assuma a presidênci­a do PSDB, o que lhe daria mobilidade para viajar o Brasil na pré-campanha presidenci­al. “Alckmin é o nome da unidade do PSDB”, afirmou o prefeito de São Bernardo

do Campo, Orlando Morando, que integra a direção do partido em São Paulo.

Sem acordo. A ideia de lançar Alckmin como uma terceira via para evitar uma guerra fratricida no partido ainda encontra resistênci­a entre aliados de Tasso e Perillo. “Hoje a escolha caminha para uma disputa. Não vejo a possibilid­ade de o Alckmin presidir o partido. Ele mesmo disse que apoia o Tasso”, afirmou o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara.

A mensagem de FHC recebeu diferentes interpreta­ções entre os tucanos. Enquanto aliados do senador cearense celebraram o “apoio” a ele, outros deputados e dirigentes entenderam que o ex-presidente delegou a Alckmin a escolha de um nome com trânsito entre os dois grupos em disputa.

Além do chefe do Executivo paulista, outros dois nomes foram ventilados ontem para presidir o PSDB: o próprio FHC e o senador Antonio Anastasia (MG), que é ligado a Aécio Neves. O nome do ex-presidente surgiu em uma conversa reservada entre Tasso e Perillo antes de o senador ser retirado da presidênci­a tucana, mas não houve acordo.

Já Anastasia é visto como um quadro equilibrad­o e com trânsito nas bancadas da Câmara e do Senado, mas muito identifica­do com Aécio. Alckmin reprovou a destituiçã­o de Tasso, mas por ora não pretende colocar seu nome abertament­e na disputa interna. O governador só vai entrar em cena se todas as demais opções forem esgotadas.

Viagens. Enquanto o impasse permanece, Perillo já começou pela região sul sua campanha para presidir o PSDB. Ele esteve ontem em Porto Alegre e hoje deve visitar Curitiba.

Já Tasso vai começar a se movimentar pelo Brasil na próxima semana. Neste fim de semana ocorrem as convenções estaduais tucanas que vão definir parte dos delegados do PSDB na convenção nacional. A disputa mais acirrada será na Bahia, onde Antonio Imbassahy e Jutahy Jr. disputam o diretório.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-10/8/2017 Ex-presidente. Fernando Henrique afirma que, sem consenso interno, vai apoiar Tasso

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