Globalização opõe Xi e Trump em cúpula
Líder americano diz que colocará os interesses dos EUA em primeiro lugar e presidente chinês pede mais abertura, inclusão e benefícios para todos
O presidente americano, Donald Trump, defendeu ontem seu conceito de política econômica “America First” (América Primeiro) diante de uma plateia de líderes de nações asiáticas que havia pouco tempo fixavam suas esperanças em um pacto regional liderado pelos EUA. Em claro contraste, o presidente chinês, Xi Jinping, que subiu ao palco do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) logo após Trump, usou seu discurso para fazer uma defesa da globalização.
O descompasso destoou da reunião bilateral, no dia anterior, em Pequim, marcado por acordos de US$ 250 bilhões e um esforço de aproximação do líder americano com o chinês.
Ontem, o republicano prometeu que defenderia os interesses dos americanos em relação à exploração estrangeira e não deixaria mais que “se tirasse vantagem” dos EUA. “Sempre vou colocar os EUA em primeiro lugar, da mesma maneira que espero que todos vocês aqui nesta sala coloquem seus países em primeiro lugar”, disse Trump, no fórum realizado em Danang, Vietnã.
Trump prometeu buscar um “comércio de benefício mútuo”, por meio de acordos bilaterais, e condenou duramente os pactos multilaterais estabelecidos
Donald Trump
por seu predecessor, Barack Obama. Ele culpou, como no dia anterior, governos americanos anteriores pelo déficit comercial dos EUA que custaram ao país, segundo ele, empregos e indústrias inteiras americanas.
De acordo com o New York Times, foi uma surpreendente mensagem hostil para um público que incluía líderes que associaram suas fortunas à Parceria Trans-Pacífico (TPP), um pacto entre 12 nações lideradas pelos EUA – que saíram do grupo após Trump assumir a Casa Branca.
Xi, por sua vez, seguiu pelo caminho oposto e defendeu a globalização, dizendo que ela deveria ser “mais aberta, mais inclusiva, mais balanceada, mais igualitária e beneficiar a todos”. Em seu discurso, o líder chinês defendeu que é preciso perseguir esse tipo de iniciativa global, como o Acordo de Paris, sobre o clima, do qual os EUA de Trump também se retiraram. Segundo Xi, a globalização é uma “tendência histórica irreversível”. A China, segundo ele, continuará a buscar um estratégia de livre-comércio na Ásia-Pacífico.
Rússia. Após dias de especulações sobre o encontro entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, os dois deram ontem um rápido aperto de mão durante o jantar de gala da Apec. Não estava claro se os dirigentes mantiveram uma conversa mais substancial, depois de dias de comunicados contraditórios do Kremlin e da Casa Branca. Antes da viagem, Trump indicou que esperava conversar com o russo para pressionar Moscou a apoiá-lo em relação à crise com a Coreia do Norte.
“Sempre vou colocar os EUA em primeiro lugar, do mesmo modo que espero que vocês coloquem seus países em primeiro lugar” Interesses
PRESIDENTE DOS EUA