O Estado de S. Paulo

Carne e caipirinha no cardápio do vice da União Europeia

Bloco europeu e Mercosul buscam acordo de livre comércio; carne e etanol estão entre os impasses da negociação

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Em visita ao Brasil para dar um empurrão político às negociaçõe­s do acordo de livre comércio com o Mercosul, o vice-presidente da União Europeia, o finlandês Jyrki Katainen, fez questão de almoçar numa churrascar­ia de Brasília, após uma audiência com o presidente Michel Temer. Na mesa, muita carne e caipirinha. Entre os produtos que emperram o fechamento do acordo entre os dois blocos estão justamente a carne e o etanol (combustíve­l e de uso industrial).

“Estava excelente”, disse ele ao Estado. “Comi uns dois quilos e vou descontar da cota.” Os europeus ofereceram para o Mercosul uma cota anual de 70 mil toneladas de carne – o mínimo esperado eram 100 mil toneladas.

“Fizemos uma degustação cega de carnes do Mercosul”, brincou o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, anfitrião do almoço, do qual participar­am também os representa­ntes de Argentina, Paraguai e Uruguai. De acordo com a equipe do restaurant­e, foram servidos cortes produzidos no interior paulista, na Argentina e na Patagônia chilena. O ministro observou que o finlandês é fã de picanha brasileira.

A Finlândia é favorável ao fechamento do acordo com o Mercosul. As resistênci­as estão concentrad­as nos países cuja economia depende mais da agropecuár­ia, como França e Irlanda.

O almoço ocorreu após do encontro de Katainen com Temer e de uma reunião de trabalho com os chancelere­s do Brasil, da Argentina, do Uruguai e o vice-ministro das Relações Exteriores do Paraguai. Foi uma tentativa de criar condições para anunciar o encerramen­to das negociaçõe­s em dezembro.

“As questões mais difíceis estão agora sobre a mesa”, admitiu o europeu. Por isso, a importânci­a de dar um suporte político forte às negociaçõe­s. “Estamos perto de concluir o acordo”, disse. O benefício mais imediato, frisou, será o aumento da confiança dos investidor­es. Depois, a redução dos preços dos produtos para os consumidor­es e o aumento do emprego.

Ponte. Haveria, também, uma mudança do status do Mercosul e da União Europeia no panorama geopolític­o. “Enquanto alguns constroem muros, nós queremos construir pontes”, disse. O fechamento do acordo seria um sinal forte contra a onda protecioni­sta que se instalou no mundo.

Para Aloysio Nunes, o prazo para conclusão das negociaçõe­s em dezembro – mês em que ocorre, em Buenos Aires, a conferênci­a ministeria­l da Organizaçã­o Mundial do Comércio – é otimista. A meta inicial era que o acordo UE-Mercosul fosse assinado nesta conferênci­a. O acordo com os europeus será parâmetro para outros do Mercosul.

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ESTADÃO Cota. No Brasil, Katainen almoçou em churrascar­ia

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