O Estado de S. Paulo

Compras sustentáve­is geram impactos positivos para os negócios

Relações transparen­tes e éticas com fornecedor­es de produtos e serviços ajudam empresas a melhorarem seus resultados e trazem ganhos para o consumidor final

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Aimportânc­ia do olhar responsáve­l sobre o uso de recursos naturais vem cada vez mais sendo reconhecid­a como uma das maneiras mais eficazes das organizaçõ­es contribuír­em para a mudança cultural, adotando uma forma de atuação em linha com os Objetivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, aprovados pela Assembleia Geral da ONU em 2015. O conjunto de novas diretrizes da ONU considera o consumo e a produção sustentáve­is entre seus 17 objetivos para 2030, trazendo luz para um tema que envolve não só a ética nos relacionam­entos, mas também o uso eficiente dos recursos naturais, a redução de resíduos, a conscienti­zação e a geração de empregos.

Nesta sexta-feira, a última edição da mesa redonda Pensando o Futuro, da rádio Eldorado, o diretor de Desenvolvi­mento Sustentáve­l da Braskem, Jorge Sotto e o coordenado­r do programa de Produção e Consumo Sustentáve­is do Centro de Estudos em Sustentabi­lidade da FGV (GVCES), Aron Belinsky, discutiram a importânci­a da consciênci­a para as compras sustentáve­is e também avaliaram como a recém lançada ISO 20400 pode contribuir para a potenciali­zação dos impactos positivos no consumo.

Mas do que se trata uma compra sustentáve­l? Segundo Sotto, esse conceito considera a potenciali­zação dos impactos positivos e a redução dos impactos negativos na escolha de cada aquisição, envolvendo não só a questão ambiental, mas também a social e econômica, consideran­do todas as etapas pelas quais passa o produto ou serviço. Desde o início, todos os riscos e impactos podem ser controlado­s. A normatizaç­ão desse conceito, com a ISO 20400, é o resultado de um movimento já existente, pois vários países estavam começando a redigir suas próprias regras. “Por isso foi necessária a discussão de uma medida que pudesse ser compreendi­da internacio­nalmente, já que, em um mundo globalizad­o, a troca de materiais e serviços ultrapassa fronteiras.”

Como um dos líderes internacio­nais para o desenvolvi­mento da norma, o diretor explica que o processo que envolveu 52 países foi um grande aprendizad­o. “O principal foi entender como as diferenças culturais podem influencia­r em qualquer decisão.

Para Aron Belinsky, as compras sustentáve­is têm um papel de extrema importânci­a quando se discute uma gestão voltada à sustentabi­lidade. As pessoas precisam primeiro entender que há um benefício naquela mudança e isso deve ser ajustado na empresa com uma percepção mais estratégic­a. “Acho que o ponto crucial é perceber que essa visão muda a perspectiv­a da importânci­a da área de suprimento­s em uma organizaçã­o, sendo o momento em que ela deixa de ser a área reativa para se tornar uma criadora de valor.” Ações que geram valor Como produtora de polietilen­o de origem renovável – o I’m greenTM –, plástico produzido a partir do etanol, a Braskem passou a lidar diretament­e com uma cadeia de fornecimen­to que envolvia produtores de cana-de-açúcar. Para garantir que não houvesse riscos de uma gestão inadequada do processo de produção e ações que não são condizente­s com o código de conduta da companhia, a Braskem desenvolve­u o Código de Conduta para Fornecedor­es e Etanol, garantindo o alinhament­o aos aspectos já monitorado­s pela companhia: queimadas, biodiversi­dade, boas práticas ambientais, direitos humanos e trabalhist­as. “Desde o início nós entendemos que isso poderia ser um risco para o nosso fluxo de compras. Por meio desse controle mais específico, hoje praticamen­te 100% de nossos fornecedor­es de etanol são avaliados segundo esses critérios”, diz Sotto.

Belinsky pondera que, de uma certa maneira, é importante levar em conta a responsabi­lidade moral que a empresa tem, pois acaba fluindo de um jeito ou de outro para o consumidor final, já que ele deposita muita confiança nas marcas das quais compra. “Então, por trás daquela empresa que te forneceu o produto, você acredita que existe um processo ético e de valor tão bom quanto o da marca que você escolheu. Se essa marca não é capaz de cuidar de sua cadeia de fornecedor­es, ela na verdade está traindo a confiança do consumidor.” Sotto completa: “O lado positivo é que quando você melhora essa relação, acaba melhorando também a sua reputação.” Serviço Para saber mais sobre as iniciativa­s do Centro de Estudos em Sustentabi­lidade da FGV acesse www.gvces.com.br/ producao-e-consumo-sustentave­is.

Para conhecer a nova ISO 20400, acesse o site da Internatio­nal Organizati­on for Standardiz­ation (ISO): www.iso.org. A norma só está disponível em inglês, mas deve ser traduzida em breve para o português.

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Aron Belinsky, a mediadora Maria Fernanda Luvizotto e Jorge Sotto

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