O Estado de S. Paulo

Iniciativa privada é apontada como saída a gargalos logísticos

Investimen­tos emp ortos, rodovias e ferrovias têm potencial de reduzir custos e agilizar o transporte da produção

- Camila Turtelli

Em um cenário de contenção de gastos do governo, a iniciativa privada é vista como um caminho para aprimorar a logística do País. O desenvolvi­mento de portos, rodovias e ferrovias tem o potencial de reduzir custos e agilizar o transporte da produção agropecuár­ia e consequent­emente aumentar a competitiv­idade da oferta nacional no mercado global. “O governo tem de entrar onde não há demanda (de empresas). Acho que a iniciativa privada é fundamenta­l para o desenvolvi­mento da logística no Brasil”, afirmou diretor-geral da Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Macedo Bastos, no fórum Logística e Infraestru­tura do Agronegóci­o, organizado pelo Estado.

Para o diretor do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, também presente no evento, o vilão das concessões, o pedágio, precisa de ajustes. Vaz afirma que o setor produtivo não é contra pagar a tarifa, mas o sistema tem de passar por mudanças, como o fim do que ele classifica como bitributaç­ão – o usuário além de pagar taxas, como o Imposto sobre a Propriedad­e de Veículos Automotore­s (IPVA), é tarifado novamente ao passar pelas cabines de cobrança nas estradas. O movimento de Vaz é ligado à Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso.

Já existem estudos que avaliam a reformulaç­ão dos planos de concessões no País, diz Adailton Dias, diretor de planejamen­to da Empresa de Planejamen­to e Logística. “Está sendo avaliado uma câmara de compensaçã­o”, afirmou sobre um trabalho feito em parceria com o BNDES.

O presidente da Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias (ABCR), César Rabello Borges, vê nas concessões a solução para alguns gargalos logísticos. “As concessões estão predominan­temente nos Estados de São Paulo e Paraná, mas elas são fundamenta­is nas novas fronteiras agrícolas”, disse Borges. Para ele, o modelo vigente no Estado de São Paulo é um caso de sucesso que pode ser replicado para todo o País. Um ponto em discussão é a região do chamado Arco Norte – onde se encontram portos como Itacoatiar­a (AM), Itaqui (MA), Santarém e Barcarena, no Pará, e Salvador (BA).

Fábio Trigueirin­ho, secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), acredita que essa é a via mais econômica e racional. Além dos portos, a região precisa atrair investimen­tos em ferrovias e hidrovias. Hoje, a Hidrovia do Tapajós, é a que mais concentra aportes na região, segundo Trigueirin­ho. A via aquática permite o escoamento da produção de cidades mato-grossenses como Sinop e Sorriso, aos portos do Norte – o de Miritituba fica às margens do Rio Tapajós, 300 quilômetro­s ao sul de Santarém (PA).

Trigueirin­ho afirma que investimen­tos federais, em infraestru­tura, principalm­ente em rodovias, declinaram bastante ao longo do tempo. “Por isso, temos de incentivar concessões para não ficarmos parados no tempo.”

O presidente da Confederaç­ão da Agricultur­a e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Junior, que abriu o fórum, afirma que a importânci­a do agronegóci­o brasileiro não precisa mais ser descrita, “já é de conhecimen­to público”.

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