‘Sou preta, pobre, da periferia’, diz ministra
Luislinda Valois, dos Direitos Humanos, foi alvo de críticas após pleitear R$ 61,4 mil com acúmulo de salários
A ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois (PSDB), afirmou ontem, no Rio, que é “preta, pobre, da periferia”. No início deste mês, a ministra se envolveu em uma polêmica ao apresentar um pedido ao governo para acumular seu salário com o de desembargadora aposentada, o que lhe garantiria vencimento bruto de R$ 61,4 mil.
No pedido, revelado pela Coluna do Estadão, Luislinda alegava que, por causa do teto constitucional, só ficava com R$ 33,7 mil do total das rendas. Segundo ela, sua situação, “sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo”. Após a repercussão, ela desistiu do pedido.
“Estou sempre às ordens. Vamos aumentar este número (de beneficiários de programas sociais) para o Rio e para o Brasil também. Como mulher preta, pobre, da periferia, conheço o que é viver longe dos grandes centros”, afirmou Luislinda ontem, ao participar com o presidente Michel Temer do lançamento do Programa Emergencial de Ações Sociais para o Estado do Rio e Municípios, em uma unidade da Marinha, na zona norte do Rio. No evento, ela não falou sobre a polêmica.
Carreira. Neta de escravos e filha de uma lavadeira e de um motorneiro de bonde, Luislinda teve uma infância pobre e só se formou em Direito aos 39 anos. Em 1984, por concurso, tornou-se juíza do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Em 2011, virou desembargadora.
Luislinda chegou ao governo quando Temer assumiu ainda como interino, em junho de 2016. Seu cargo era de secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Em fevereiro, assumiu o Ministério dos Direitos Humanos.