O Estado de S. Paulo

Desmate cai 28% nas florestas protegidas

Redução de cobertura foi de 159 km2, com maior registro em Tapajós e em Jamanxim; ministro destacará nº na COP

- André Borges / BRASÍLIA

Dados do Projeto de Desmatamen­to e Monitorame­nto do Desflorest­amento na Amazônia Legal (Prodes), obtidos com exclusivid­ade pelo Estado, revelam que, entre agosto de 2016 e julho deste ano, houve uma queda de 28% no desmatamen­to de florestas protegidas, administra­das pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversi­dade (ICMBio).

O desmatamen­to no período foi de 159 km², segundo menor já registrado pela série histórica, iniciada há 20 anos. Até então, a menor área desmatada havia sido registrada entre 2010 e 2011, quando chegou a 137 km². Os dados devem ser apresentad­os pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, na conferênci­a sobre mudança climática das Nações Unidas (ONU), em Bonn, na Alemanha.

A queda do desmatamen­to, porém, não foi acompanhad­a no mesmo ritmo, se considerad­a toda a Amazônia, independen­temente de ser ou não classifica­da como unidade de conservaçã­o. Os dados revelam que o desmate na Amazônia Legal caiu 16%, saindo de 7.893 km² registrado­s entre agosto de 2015 e julho do ano passado para 6.624 km² nos 12 meses encerrados em julho deste ano. Hoje o desmatamen­to em unidades de conservaçã­o federais representa 2,4% do total.

Garimpo. O levantamen­to mostra aumento de focos de garimpo ilegal nas áreas protegidas. Neste ano, foram registrada­s, até setembro, 949 áreas de mineração, somando 45,8 km² com atividades. Em todo o ano de 2016 o mapeamento apontava 382 áreas, somando 29,3 km².

A divisa entre Rondônia e Amazonas continua a ser um dos principais focos de pressão do desmatamen­to ilegal, percorrend­o a região que avança por Humaitá (AM) – onde as sedes do Ibama e do ICMBio foram incendiada­s por garimpeiro­s em outubro – e seguindo pelas reservas próximas do traçado da BR-163, que corta o Pará e chega à região de Itaituba, outro ponto de ação garimpeira ilegal e alvo de fiscalizaç­ões.

Não por acaso, essa região do Pará foi a que mais sofreu com o desmate de unidades de conservaçã­o, com derrubadas drásticas verificada­s na área de preservaçã­o permanente do Tapajós (32,3 km²), Floresta Nacional do Jamanxim (25,1 km²) – cuja redução de limites é alvo de um projeto no Congresso –, Reserva Extrativis­ta Chico Mendes (18,8 km²) e Estação Ecológica da Terra do Meio (11,5 km²). Juntas, essas quatro unidades sofreram 55% do total de desmate.

Em 2017, houve 165 operações de fiscalizaç­ão pelo ICMBio. O levantamen­to registra como desmatamen­to áreas superiores a 6,25 hectares que tenham sofrido corte raso – remoção completa da cobertura. Os dados incluem todos os tipos de desmate, até aquele permitido em algumas unidades, como reservas extrativis­tas.

Polêmica. A gestão Michel Temer foi alvo de críticas na área ambiental neste ano, depois de propor reduzir áreas de conservaçã­o – como Jamanxim, no Pará – e também a extinção de uma reserva mineral no Amapá.

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