O Estado de S. Paulo

Para quem não tem medo de altura

Estrutura içada por guindaste oferece drinks a 42 metros de altura; passeio custa R$ 25

- Felipe Resk

Erguido por guindaste a 42 metros do chão, um bar oferece, até hoje, drinks e vista panorâmica no Parque Villa-Lobos, em SP. Pelas regras do lugar, só são servidas bebidas sem álcool.

Mal começa a subir, uma mulher já confessa: “Ai, meu Deus! Estou morrendo de medo”, diz, segurando firme as duas mãos no balcão. Não é a única. Entre os presentes, a expressão mais comum é de apreensão e nervosismo – pelo menos, no início do passeio. O bar, então, é içado por um guindaste até “estacionar” a 42 metros do chão, no meio do Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo.

Feito com uma estrutura de aço, com o piso forrado por madeira e com uma tenda por cima, o “Bar nas Alturas” tem dez banquinhos ao redor do balcão central. Outras quatro pessoas também podem ir em pé, segundo a capacidade do equipament­o. Durante o passeio inteiro, que dura cerca de 15 minutos, todos ficam presos a cintos de segurança.

O ingresso custa R$ 25 (crianças até 3 anos não pagam). “É show de bola! A sensação quando chega lá em cima é meio punk: é muito alto e venta bastante. Bate aquela coisa no começo, mas é bem seguro”, diz o corretor de imóveis Paulo Santos, de 52 anos. “Escolheram um lugar estratégic­o do parque, então dá para ter uma vista bem legal.”

Na fila, o casal Leandro Pagani, de 28 anos, e Giovana Gentil, de 29, tinham opiniões opostas. “Eu já tinha lido antes sobre o Dinner in The Sky (jantar a 50 metros de altura), que acontece em outros países. Então quando vi na internet que ia ter esse bar aqui, fiquei logo interessad­o”, conta Pagani. “Mas eu não queria vir, não”, completa a namorada, aos risos. “Só vim pelo companheir­ismo mesmo. Tenho medo de altura.”

Lá de cima, é possível ter uma visão panorâmica do parque: os bosques, os gramados, a criançada brincando no solo. É a hora preferida para sacar o celular e fazer uma selfie. “A gente tem um retrato da cidade. Desse lado dá para ver o paredão de prédios de Alto de Pinheiros. Do outro, a favela do Jaguaré”, comenta Janaina Máximo, uma das coordenado­ras do evento.

O bar também oferece um drink (sem álcool, porque no Villa-Lobos não pode), servido em copo plástico. Segundo a coordenado­ra, a altura do bar varia, por questões de segurança, com condições meteorológ­icas, velocidade do vento e até tipo de solo. “No sábado, por exemplo, ele subiu 30 metros”, afirma Janaina. “O público tem de crianças de colo até senhorinha­s. É para todo mundo.”

“Mais do que um bar, é um mirante”, diz o engenheiro Fábio Paschoal, proprietár­io do equipament­o. “Antes, as pessoas só queriam ir ao shopping, ficar em um espaço fechado. A impressão que eu tenho é que esse tempo já passou”, afirma. “Elas querem estar ao ar livre, então nossa ideia é oferecer um ambiente legal, para que se crie o hábito desse tipo de passeio.”

De mão dada com a namorada na saída, Leandro Pagani diz que a experiênci­a nas alturas “correspond­eu à expectativ­a”. Animada, Giovana não deixa por menos. “É muito, muito mais tranquilo do que eu pensava. Foi ótimo.”

Atrações. O “Bar nas Alturas” faz parte da programaçã­o do “Família no Parque”, que começou no sábado e termina hoje no Villa-Lobos. Com um “complexo de entretenim­ento”, o evento tem outras atrações, das 10 horas às 19 horas, incluindo food trucks e food bikes.

Estacionad­o ao lado do bar, fica o “Caminhão de Eventos”, com um palco montado em cima, onde se apresentam bandas e DJs. Lá, toca de rock a canções infantis. As músicas são reproduzid­as em um equipament­o de som que dá conta de até 8 mil pessoas.

Em uma das cabines do caminhão, há uma área de Realidade Virtual, com dois óculos disponívei­s para o público. Em outra uma motociclet­a é usada de cenário para as fotos de recordação. Como a moto está em frente a um plano verde, é possível escolher o fundo da imagem. Os serviços são gratuitos.

Para crianças a partir de 2 anos, brinquedos infláveis se concentram na “Área Kids”. São escorregad­ores em formato de galo, baleia, camaleão – ao custo de R$ 5. “Tivemos a preocupaçã­o de trazer uma estrutura focada na família”, diz Fábio de Francisco, um dos organizado­res. “Hoje, é muito difícil competir com quantidade de atrativos que a criança já tem em casa. Seja um celular, um tablet... A ideia é conseguir trazer todos.”

Uma das atrações preferidas é o bungee trampolim (R$ 12), em que o usuário, amarrado em elásticos, fica saltando em uma cama – também – elástica. Nela, o pequeno Gabriel Farias, de 2 anos, era só risadas. “Eu adorei o evento”, diz a mãe, Karine Pereira, de 28 anos. “É muito importante conseguir tirar a criança do vídeo game e trazer para brincar na rua, como a gente fazia antigament­e.”

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FELIPE RAU/ESTADÃO
 ?? FELIPE RAU/ESTADÃO ?? Frio na barriga. Muitos paulistano­s passaram o feriadão com uma vista privilegia­da do Parque Villa Lobos, na zona oeste
FELIPE RAU/ESTADÃO Frio na barriga. Muitos paulistano­s passaram o feriadão com uma vista privilegia­da do Parque Villa Lobos, na zona oeste

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