O Estado de S. Paulo

Polêmicas à frente do banco

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Em menos de seis meses na presidênci­a do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), principal instrument­o do governo para financiar empreendim­entos públicos e privados no País, o economista Paulo Rabello de Castro (foto) acumula uma série de polêmicas. Todas elas acompanhad­as de frases de efeito que, por vezes, parecem vir de um opositor do governo e não de um de seus integrante­s.

“O BNDES não tem tanto cheque para passar para a viúva”, disse, em outubro, questionan­do uma determinaç­ão da equipe econômica para que o banco prepare novas devoluções de recursos ao Tesouro em 2018, de R$ 130 bilhões. De 2009 a 2015 o Tesouro repassou ao banco de fomento mais de R$ 500 bilhões, em empréstimo­s de longo prazo. Agora, o governo quer antecipar os pagamentos para ajudar as fechar as contas da União.

Escolha pessoal do presidente Michel Temer, antes de assumir o BNDES Rabello de Castro presidiu por 11 meses o IBGE. Ao deixar o cargo disse que “não gostaria de sair do IBGE, a não ser por efeito de uma missão”. No banco, já no mês seguinte à sua posse, iniciou uma cruzada contra a mudança na fórmula para a taxa de juros de longo prazo cobrada nos empréstimo­s feitos pela instituiçã­o. Mesmo com muita resistênci­a de Rabello de Castro, a taxa foi mudada.

Depois, veio a questão da devolução de recursos. Na época, representa­ntes da área econômica atribuíram as declaraçõe­s do economista ao fato de estar “em campanha” para as eleições de 2018. Já eram fortes os rumores de que ele teria a intenção de ser candidato.

Sinal nessa direção seria a filiação de Rabello ao PSC, mas ele afirmou que o ato indica apenas um “movimento proativo”. “Sou candidato a fazer o melhor possível no BNDES”, disse. As resistênci­as ao economista, antes restritas a parlamenta­res da base aliada, passaram a ser compartilh­adas pela área econômica do governo.

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