O Estado de S. Paulo

Situação econômica melhora com expectativ­a de mudança

Recuperaçã­o tem a ver com melhora do preço do cobre, mas também com um futuro governo mais preocupado com o mercado

- SANTIAGO / P.P.

A situação econômica do Chile está melhorando na esteira da volta da valorizaçã­o dos preços do cobre, metal forte na balança comercial do país, e o próximo governo pode ter os ventos favoráveis que a atual presidente Michelle Bachelet não teve.

Nos últimos meses, a avaliação geral da popularida­de de Bachelet, que andou pela casa dos 25%, subiu para 35% com a leve melhora da economia.

Ela foi criticada pela reforma tributária que aumentou de 20% para 25% o imposto das empresas, além do cresciment­o de apenas 1,6% em 2016 – seu pior desempenho em sete anos –, e o candidato Sebastián Piñera passou a ser a estrela da vez, em meio às expectativ­as de seu retorno à presidênci­a.

Especialis­tas dizem que o quadro econômico está mudando. “Uma recuperaçã­o se insinua, tem a ver com fatores externos, com a melhoria dos preços do cobre, economias desenvolvi­das crescendo, a recuperaçã­o dos países emergentes na América Latina, e um fator de expectativ­as de mudanças, antecipand­o um futuro governo mais preocupado com o mercado”, disse Alejandro Fernandez, gerente de estudos da Gemines Consultore­s, à agência France Presse.

No segundo trimestre, a expansão do PIB foi de 0,7%, mas a expectativ­a do segundo semestre é de melhora. O país deve fechar 2017 na casa de 1,5%, porém, em 2018, as previsões apontam para algo em torno de 2,5% e 3,2%.

A clara vantagem de Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, chegou a elevar a Bolsa de Santiago ao seu máximo histórico, superando os 5.000 pontos em julho.

Com a situação fiscal do país equilibrad­a e a recuperaçã­o nos preços do cobre apontando para um período de, no mínimo, estabilida­de, observador­es acreditam que o eleito terá vida mais fácil do que Bachelet. Mas, mesmo assim, o Chile terá de administra­r, no médio prazo, uma dívida pública (21% do PIB em 2016), que pode chegar em breve a 25% do PIB. Em julho, a agência de classifica­ção Standard & Poors reduziu, pela primeira vez em 25 anos, a nota do crédito no Chile, seguida pela Fitch. A Moody’s ficou sobre o muro, mantendo a nota em alta qualidade, mas reduzindo a perspectiv­a para “negativa”.

Mas o economista Francisco Castañeda, da Universida­de de Santiago, por sua vez, não dá muita importânci­a para esse ponto. Para ele, “o custo financeiro da dívida não subiu”, a inflação abaixo da meta fixada pelo governo (3%), a estabilida­de política e a poupança milionária nos cofres do Estado dissipam eventuais preocupaçõ­es do mercado. O Chile tem hoje renda per capita de US$ 23,9 mil e o Brasil, US$ 15, 5 mil.

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RODRIGO GARRIDO/REUTERS - 7/1/2015 Avanço. Preço do cobre sofre valorizaçã­o e ajuda economia

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