Salvo, mas apequenado
Oempate sem gols e sem sal com o Botafogo no Pacaembu tirou um elefante das costas do São Paulo na tarde de ontem. Os são-paulinos se abraçaram e se cumprimentaram. Respiraram aliviados também. O fardo foi pesado durante a temporada, mas com 46 pontos após 36 jogos do Brasileiro, duas rodadas pela frente e um confronto direto entre os ameaçados Ponte Preta e Vitória na sequência não há mais qualquer possibilidade de o time do Morumbi, “incaível” como gostam de dizer seus torcedores, figurar na Série B de 2018.
Desse ponto de vista, a notícia não poderia ser melhor. Ocorre que há outra forma de analisar o feito tricolor. Prefiro dizer que o Gigante se apequenou. O torcedor do São Paulo não pode engolir e aceitar campanha tão pífia na temporada quanto a que se “encerra”.
Não cair não pode ser a meta da equipe do Morumbi, tantas vezes apontada como exemplar para seus rivais, de jogadores renomados e títulos a preencher um museu se quisesse – com taças pesadas, diga-se. O São Paulo não pode ficar para trás na corrida da modernização do futebol, da competência administrativa que se propôs fazer depois de alguns tombos internos.
Escapar do rebaixamento no apagar das luzes não pode ter sabor de conquista para os cardeais tricolores, tampouco para a comissão técnica liderada por Dorival Jr., cujo maior feito desde que assumiu ainda não se sabe qual é. Menos ainda para jogadores como Pratto, Hernanes e até Rodrigo Caio.
Foi uma temporada para não se repetir, cuja gestão teve grande parcela de responsabilidade também. Há de se aprender com os erros, até porque eles foram muitos. Vender jogador importante em meio à disputa não se faz a não ser que se tenha reposição do mesmo nível. Apostar em técnico sem experiência suficiente, ou melhor, que nunca havia sido treinador, também não dá, como o São Paulo fez em relação ao ídolo Rogério Ceni – ele não estava preparado e descobriu-se isso da pior maneira possível, com fracassos.
Se tivesse de apontar um fato positivo, entre tantas lambanças no ano, ficaria com a disposição da torcida de acreditar no time até o fim. Não me refiro às cobranças ou confusões do passado, mas à iniciativa de aplaudir sem duvidar, cantar sem xingar, valorizar sem cobrar nada em troca. Pelo menos não até agora. Foi assim até ontem no Pacaembu. Mas sabe-se que essa lealdade não ficará barata. As pressões virão tão efusivas quanto foram os aplausos em momentos de fraqueza da equipe. E não foram poucos esses momentos.
O fato de o São Paulo se salvar não quer dizer nada em relação ao futuro. Não há uma única certeza para 2018. O que se espera, de todos de modo geral, mas particularmente dos que decidem, dentro e fora do vestiário, é mais respeito com a bandeira tricolor, com a história e tradição de um time que não nasceu ontem. O que se espera é que o São Paulo não se coloque refém de profissionais limitados, atrasados e incompetentes. Não engrosso o coro dos que acham que é preciso sofrer para aprender, reprimir para educar, bater para ensinar. O São Paulo não precisa cair para rever os conceitos desta temporada. Esse São Paulo que vimos não é o São Paulo que quer ver o seu torcedor. Que fique a lição de um ano horroroso.
Matematicamente, São Paulo não pode mais ser rebaixado no Campeonato Brasileiro
Corinthians. Temo pelas eleições do Corinthians em fevereiro. Também no palanque do futebol, tudo parece fácil. Pagar dívidas, contratar jogador, reforçar os cofres do clube. Sabemos, na prática e no dia a dia, que não é bem assim.
Palmeiras. “Contratar” não pode ser o único verbo a ser conjugado na Academia. Há outros: reformular, treinar, organizar, atacar, revelar, recuar, desenvolver, acreditar, apostar, superar, demitir, limpar...