O Estado de S. Paulo

Estaleiros cogitam uso de fundo da Marinha

- /R. A.

Na movimentaç­ão para salvar seus negócios, o Estaleiro Atlântico Sul conta com a ajuda das lideranças setoriais, interessad­as em resgatar ao menos parte da indústria naval brasileira.

Além do lobby a favor da manutenção da exigência de conteúdo local, representa­ntes dos estaleiros tentam conseguir com o governo novos incentivos. A proposta mais recente encaminhad­a a auxiliares presidenci­ais é a de destinar 10% dos recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para a renovação da frota da Marinha do Brasil. A entidade diz que, se o plano prosperar, seriam liberados cerca de R$ 600 milhões para a construção de embarcaçõe­s.

Segundo Sérgio Bacci, vicepresid­ente executivo do Sinaval, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, pediu ao setor ideias de incentivos que não envolvesse­m contrataçõ­es da Petrobrás. A proposta de renovar a frota da Marinha já foi apresentad­a aos ministério­s dos Transporte­s e do Planejamen­to. “A princípio estamos sentindo que há boa vontade”, diz Bacci.

Estimulada­s pelo governo do ex-presidente Lula, empreiteir­as correram para erguer estaleiros de olho nas demandas do pré-sal. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), criado em 2005, logo se tornou símbolo do plano petista de reerguer a indústria naval brasileira. Como outros estaleiros construído­s País afora, o estaleiro de Pernambuco ganhou uma parruda carteira de encomendas, com navios para servir à Transpetro e à exploração do pré-sal.

A recessão e a Lava Jato vieram, a Petrobrás precisou rever planos, projetos foram cancelados e novos não vieram.

Nesse ambiente, o EAS, mesmo sob risco, é um dos estaleiros em melhor situação, já que ainda tem cinco projetos em carteira. “A grande maioria dos estaleiros já fechou ou está sem obra. No Rio, só tem estaleiro fazendo reparo. Vários estão apenas com equipe de manutenção”, afirma Bacci.

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