O Estado de S. Paulo

CRISE ABATEU PEQUENOS NEGÓCIOS

Lucinéia Freitas fechou pousada após quatro anos

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Depois de dez anos de trabalho em uma multinacio­nal de cosméticos, a pernambuca­na Lucinéia Freitas, 50 anos, foi demitida. Em 2012, decidiu abrir um negócio próprio. Apaixonada pelas praias do litoral pernambuca­no, decidiu que era hora de investir o dinheiro em um sonho antigo: montou uma pousada na praia de Gaibu, no município do Cabo de Santo Agostinho.

“Além de ter uma questão afetiva, porque era a praia onde sempre passava o verão com meus pais e avós, apostei no movimento intenso gerado pelos grandes empreendim­entos que haviam se instalado ou estavam sendo construído­s na região, como a Refinaria Abreu e Lima, o Estaleiro Atlântico Sul e a própria expansão do Porto de Suape”, contou Lucinéia, que investiu, à época, cerca de R$ 800 mil.

O sonho durou quatro anos. Em setembro de 2016, a Pousada Andaluz fechou as portas, demitindo seis funcionári­os e deixando um prejuízo de R$ 300 mil. “Em 2014 as demissões no Porto de Suape começaram. Boa parte do pessoal que trabalhava nas obras de expansão começou a ser dispensado. Depois foi a vez do pessoal da Refinaria, da Transpetro, do Estaleiro e de outras fábricas”, lembra. A crise bateu tão forte que, em 2015, ela chegou a passar dois meses sem receber um único hóspede.

Apesar de não haver números oficiais do fechamento de empreendim­entos ligados ao setor de turismo – como hotéis e restaurant­es – após a crise na refinaria e no estaleiro, o cálculo é que cerca de 1,8 mil estabeleci­mentos tenham sido encerrados em Cabo do Santo Agostinho nos últimos três anos.

A partir de 2010, com tantos investimen­tos, houve um “boom” de desenvolvi­mento na cidade – o comerciant­e Gustavo Galvão, de 40 anos, chegou a ter três lanchonete­s, um restaurant­e self-service e um posto de combustíve­is para abrigar os caminhonei­ros que passavam pela região. Ele também sentiu os efeitos da crise: ainda mantém as lanchonete­s em funcioname­nto, mas, no momento, tenta renegociar uma dívida de R$ 300 mil. / MÔNICA BERNARDES. DE RECIFE

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