‘Tem muito espaço para avançar em mercado de crédito no Brasil’
Em um cenário de crédito restrito a empresas por conta da recessão no País, a gestora Quasar busca oportunidades para expandir neste mercado. Carlos Maggioli, que fundou a Quasar no início de 2016, logo após deixar o Itaú BBA, diz que finaliza no fim deste ano a captação de cerca de R$ 500 milhões para emprestar para empresas. “Seremos parceiros dos grandes bancos e nosso objetivo é complementar a oferta de crédito no mercado.”
O momento não é arriscado para conceder crédito, considerando que o País não superou ainda a recessão? Crédito é informação e diversificação. Informação porque é preciso saber como a empresa está evoluindo e diversificação porque temos de considerar eventos específicos. Temos aqui um time que conhece a fundo as empresas e tem condições de avaliar todas as situações de risco.
Os recursos que a Quasar está captando serão apenas para crédito?
Sim. Estamos em fase final de captação de um fundo fechado de crédito. Se olhar o mercado internacional, os fundos de private equity são os maiores credores alternativos do mundo. A Quasar será parceira dos grandes bancos, com atuação primária nas concessões.
Qual será o critério para conceder crédito? Quais as garantias? O empréstimo será para, no máximo, quatro anos, e voltado para capital de giro, refinanciamento e investimento. Não queremos ter “equities” (ações) como garantia, nem investir em infraestrutura que já está coberto pelas debêntures incentivadas. Buscamos garantias reais e recebíveis, sempre na lei fiduciária.
O fundo já está em conversas com potenciais tomadores desse crédito?
Estamos com cerca de 50 mandados, em diversos setores. Pensamos em fazer pelo menos 25 investimentos por fundo. Temos um espaço para avançar sobre bancos médios e seremos parceiros de grandes bancos, que já estão expostos a essas empresas. Há importantes setores que foram afetados pela crise, mas que já começam a se recuperar, como construção civil e setor sucroalcooleiro.
O sr. vê maior potencial em crédito do que em abertura de capital?
O total de capital administrado pela indústria de fundos de investimentos hoje é de R$ 4 trilhões. Com a queda dos juros, parte deve migrar para ativos com maior potencial de retorno. Em um cenário de restrição da oferta, veremos um grande número de emissões via mercado de capitais e o surgimento de fontes alternativas de financiamento. Crédito será o ativo mais abundante.