O Estado de S. Paulo

Contrataçã­o na indústria volta ao pré-crise

Com saldo de 76 mil postos de trabalho criados de janeiro a setembro, setor já supera o nível de abertura de vagas de 2014, antes da recessão

- Caio Rinaldi

A geração de empregos formais no País em 2017 apresenta uma melhora em relação aos dois últimos anos, quando as demissões superaram fortemente as contrataçõ­es. Dados do Ministério do Trabalho, obtidos pelo Estadão/Broadcast, mostram que a indústria foi o primeiro setor a retomar e até mesmo superar o ritmo de criação de vagas de 2014. Enquanto isso, os demais segmentos ainda apresentam desempenho inferior ao verificado antes do ajuste no mercado de trabalho.

De janeiro a setembro de 2017, a indústria registrou saldo positivo de 76.337 vagas. O desempenho acumulado no ano supera, e muito, o saldo verificado nos períodos correspond­entes de 2015, com encerramen­to de 287.503 postos de trabalho, e de 2016, quando o número ficou negativo em 133.483. O saldo, inclusive, está acima do verificado em 2014, quando o número era positivo em 40.772.

“A indústria em trajetória de melhora é um fator bem positivo para a economia como um todo. Este é um vetor positivo, se pensarmos no efeito sobre serviços e outros segmentos”, apontou o economista da Tendências Consultori­a, Thiago Xavier. Ele lembra que a recuperaçã­o dos empregos no setor vem em linha com a retomada da produção industrial.

Outro termômetro da economia, o comércio ainda segue num ritmo mais lento de contrataçõ­es em comparação ao período que antecedeu os cortes. O setor, que representa cerca de 20% dos empregos formais no País, é o que mais destruiu vagas em 2017, com saldo negativo de 87.935 postos de trabalho, mostram os dados do Caged.

“Houve a interrupçã­o dos projetos de expansão e novas lojas, que oferecem um adicional importante na geração de empregos. Agora, com o início da retomada econômica, as empresas grandes começam a estudar a abertura de novas unidades e temos uma recuperaçã­o do emprego, ainda lenta e tênue”, explicou o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo.

Se a geração de vagas da indústria já apresenta ritmo comparável ao período pré-crise e o comércio ainda segue em terreno negativo, o setor de serviços ficou “no meio do caminho”. A geração de vagas voltou ao terreno positivo nos dados até setembro, com saldo de 78.190 postos de trabalho, após registrar encerramen­to líquido de vagas em 2015 (-66.944) e 2016 (-192.872). Ainda assim, a distância é grande até os 489.876 postos registrado­s no mesmo período de 2014.

O presidente da Confederaç­ão Nacional de Serviços (CNS), José Luiz Nogueira Fernandes, avalia que a geração de vagas no setor deve acelerar neste fim de ano. “Acredito que até o fim do ano, que é um período de contrataçõ­es no segmento, o saldo ficará em torno de 150 mil vagas geradas”, declarou.

Já para 2018, diz o executivo, com a economia em um ritmo de expansão mais forte e com as novas possibilid­ades de contrataçã­o previstas na reforma trabalhist­a, a criação de postos de trabalho formais pode voltar ao patamar de 2014. “Se as condições continuare­m a melhorar, esse pico [de contrataçõ­es] deve acontecer no ano que vem e depois, em 2019, continuar aumentando vagarosame­nte.”

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